Sexta-feira, 31 de Julho de 2015

Déjeuners sur l'herbe (França, anos 30)

 

 

 

Déjeuner sur l'herbe 1933

 

 

 

 

 

 

 

 

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Néné campagne

 

 

 fotografias de João D' Korth

 c. 1933

 álbum Vintage France no Flickr

 

 

 

 

 

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Quarta-feira, 29 de Julho de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

uruguay-mundo-despidieron-alcides-ghiggia-uruguayoO golo de Ghiggia que calou 200.000 pessoas no Maracanã

 

 

 

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As almas dos povos

 

 

 

Morreu neste passado mês de Julho com 88 anos herói nacional uruguaio, nome conhecido e venerado por todos os seus compatriotas (e detestado por todos os vizinhos brasileiros) porque, em 1950, marcara o golo que roubara a vitória ao favorito Brasil e a dera ao Uruguai no Campeonato do Mundo de Futebol, ainda por cima em jogo no Maracanã. “Só três pessoas calaram o Maracanã” dizia Alcides Ghiggia: “o Papa, Frank Sinatra e eu”. Mais de meio século depois do feito, polícia das fronteiras brasileira perguntou-lhe se era ele o Ghiggia do gôlo. “Sou, sou; já foi há tanto tempo...” “Mas ainda nos dói no fundo do peito” respondeu a rapariga enquanto lhe carimbava o passaporte. Pelé adolescente, que se estrearia e ficaria célebre no campeonato do mundo seguinte, contava ser a primeira vez que vira o pai chorar.

 

O desporto (o Rei e alguns outros) tem muitas datas assim, ou quase assim, com sentimentos nacionais embutidos nelas e tendemos a associá-las mais a países agitados e turbulentos como os dos Sul da Europa ou os da América Latina do que a países comedidos na expressão de sentimentos, como têm fama de ser os da Europa do Norte. (No caso acima, tentaram sovar Ghiggia à saída; o guarda –redes brasileiro nunca mais na vida teve contrato decente). Mas, seja qual for a expressão aparente - da quase imperceptível à faca e alguidar - a fundura do sentimento por trás dela nunca se deve subestimar. Um ligeiro fremir dos beiços poderá esconder abismos.

 

A 7 de Novembro de 1978, a fim de celebrar a despedida de futebolista de Iohan Cruiff (que mais tarde tornou a jogar, antes de se despedir de vez e vir a ser por fim treinador do Barcelona), o AJAX de Amestardão convidara para jogo amigável o Bayern de Munique. Por razão nunca bem explicada, ninguém estava no aeroporto à espera da comitiva do Bayern, havendo jogadores, dirigentes e pessoal técnico tido de apanhar taxis para o hotel. Não protestaram nem se queixaram mas concentraram-se bem e, no dia seguinte, em casa, rodeado por milhares de adeptos, o AJAX foi derrotado por 8 a 0. Passados 28 anos, em 2006 - por razão ainda menos bem explicada – a direcção do Bayern de Munique mandou pedir desculpa, ficando por assim dizer o incidente encerrado.

 

Faz confusão à leitora? A mim também mas foi assim e conto-o agora porque desde que a crise grega animou e os europeus começaram a andar à bulha uns com os outros, passaram a ler-se, sob formas variadas – sumários de tratados pretendendo isenção científica; catilinárias parciais e contentes de o serem – resmas de prosa dedicadas às almas nacionais. O pequeno episódio futebolista mostra, por exemplo, que os holandeses podem ser de uma falta de maneiras devastadora sem parecerem dar-se conta disso; que os alemães, se se sentirem humilhados, são capazes de aplicar as virtudes e dons do milagre alemão a punição exemplar mas, se tempo for dado ao tempo, de pedirem desculpa por o terem feito. Talvez a Europa não esteja afinal perdida.

 

 

 

 

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Sábado, 25 de Julho de 2015

Cemitério militar português de Richebourg (França,anos 30)

 

fotografias de João D' Korth

 

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Le cimetière militaire portugais de Richebourg regroupe les corps de 1.831 soldats tombés notamment lors de la bataille de la Lys. Il demeure le symbole de l’engagement du Portugal dans la Première Guerre mondiale.

 

 

 

 

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Sur près 56.500 hommes mobilisés, le Portugal doit déplorer en 1918 environ 2.100 morts, 5.200 blessés et 7.000 prisonniers.  

 

 

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Apesar da já existência nos E.U.A. de cemitérios militares, na Europa este fenómeno está inevitavelmente ligado à Grande Guerra. Pela primeira vez foi criada legislação para o tratamento dos soldados mortos – projecção e concepção de cemitérios militares. A França foi o primeiro país a fazê-lo, em Dezembro de 1915, sanciona o direito de cada indivíduo a um lugar único de repouso, ultrapassando soluções anteriores em que os soldados eram depostos em valas comuns. [...] Em Portugal, a primeira legislação para tratamento dos mortos de guerra portugueses na frente europeia surge em 1917. Procurou-se regulamentar esta situação com a estruturação de um serviço, futuramente denominado Comissão Portuguesa das Sepulturas de Guerra (CPSG), responsável pela identificação, concentração e inumação dos corpos. Face a uma limitação de recursos, exigiu-se da CPSG um esforço acrescido para concentrar os corpos espalhados pelo território da Flandres em cemitérios militares exclusivamente portugueses, criados para tal com a devida e necessária monumentalidade. Na verdade, durante o conflito, os esforços desta comissão debateram-se com as limitações sanitárias e espaciais impostas pelas autoridades francesas, levando a que os corpos ficassem espalhados por vários cemitérios (em 88 cemitérios da Alemanha, 23 da Bélgica; 2 da Espanha; 141 da França; 1 da Holanda e em 3 cemitérios da Inglaterra)*. Texto integral aqui

 

 

***

 

Monumento de La Couture, do escultor António Teixeira Lopes, inaugurado em 10 de Novembro de 1928.

 

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Nós usamos Soldado desconhecido; os franceses Nom inconnu. Os ingleses encontraram (Kipling encontrou) forma melhor: Known unto God.

 

 

Cemitério WWI 1933

 

 

 

Agradecimentos: Henrique D' Korth Brandão, José Cutileiro,  Chemins de Mémoire en Nord Pas de CalaisMemória Virtual.Defesa.pt,  Operacional , Jornal Público, Momentos de História,

 

 

Fotografias de João D'Korth no Flickr nos álbuns Vintage France e Exposição do Mundo Português

 

 

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Quarta-feira, 22 de Julho de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

 

 

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Helmut Kohl

Foto: AP

 

 

 

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Aprendizes de Feiticeiro

 

 

Abriu a caça à Europa. Enquanto a Alemanha esteve dividida e a União Soviética durou o projecto europeu floresceu. Mas desde a crise de 2008 e das más respostas que lhe fomos dando, começa a ver-se o túnel ao fundo da luz.

 

A França percebeu logo o perigo da Alemanha reunida (como a Inglaterra, tentou à última hora evitá-la mas Kohl foi apoiado por Gorbachev e Bush) a quem Mitterand forçou a engolir a moeda única (os alemães prefeririam manter o marco) na esperança de a travar um pouco. Estratagema vão, como a tragicomédia grega à boca de cena e a fraqueza económica geral europeia em pano de fundo mostram. Agora Hollande quer governo, orçamento e parlamento da zona euro, na esperança de que tal arranjo federal ajude a enquadrar o poder de Berlim. Que o projecto exclua a Inglaterra e enfraqueça a União Europeia não o preocupa desde que Paris ganhe mais voz contra Berlim do que a que tem hoje. Não sei se terá sucesso: talvez nem todos os utilizadores da moeda única estejam dispostos a juntarem-se a essa aventura. O papão, que fazia dantes os meninos comerem a sopa sem rabujarem, já não existe.

 

O pai da construção europeia foi Estaline, dizia Paul-Henri Spaak e nunca é demais repeti-lo. Acabado o terror incutido pela União Soviética, foi-se a propensão contra natura dos europeus a colaborarem uns com os outros. Durante 45 anos, permitira-lhes atingir a União Europeia mas quando Jacques Delors – 90 anos convictos de que o Presidente da Comissão deveria ser sempre um francês – e os seus discípulos lançaram o euro, esperando que as harmonizações necessárias para seu funcionamento fossem sendo acordadas pelos estados, já Yeltsin desmantelara o monstro e as capitais europeias, livres da canga da solidariedade e do interesse geral, retomavam hábito e gosto antigos de desconfiarem umas das outras.

 

O mau estar explodiu com a crise grega e mostrou coisa pior ainda. Desaparecido o medo salutar da União Soviética, uma noite de decisões brutais em Bruxelas restaurou em muitos corações o medo da Alemanha. Strauss-Kahn, um dos raros políticos em quem Angela Merkel confiara, achou as medidas contra a Grécia ‘quase mortíferas’; o filósofo Habermas, que 70 anos de diplomacia de reabilitação tinham sido deitados a perder.

 

É complicado. Toda a gente – incluindo muitos gregos – entende que, para o projecto europeu não se desmantelar, os gregos terão de passar a ser mais virtuosos. Menos gente – e quase nenhum alemão – entende que, também para o efeito, os alemães terão de passar a ser menos virtuosos. Durante a Guerra Fria, Bona, readmitida por De Gaulle ao convívio das pessoas de bem, deixara Paris mandar e não viera daí mal ao mundo. Desde a reunificação quem manda é Berlim. Na Alemanha a virtude tomou o freio nos dentes; se não aparecer outro Helmut Kohl, nacionalismos curtos de vistas darão cabo da riqueza e do poder da Europa.

 

Não seria o fim do mundo, muito menos da História. E tornaria a haver guerras entre nós.

 

 

 

 

 

 

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Sábado, 18 de Julho de 2015

Eau, nuages (França, anos 30)

 

 

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França, anos 30

álbum Vintage France no Flickr

 

 

 

fotografias de João D' Korth

 

 

 

 

 

 

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Quarta-feira, 15 de Julho de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

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 George Frost Kennan

Desenho de Mary Bundy

 

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Isto do Sul

 

 

«Porque é que Vocês gostavam tanto de Salazar?»

 

«Porque ele não era corrupto» respondeu-me Kennan que começara a transaccionar com o Presidente do Conselho de Ministros português a cedência das Lajes aos americanos durante a guerra de 39/45, quando era encarregado de negócios da embaixada americana em Lisboa entre dois embaixadores (e também algumas vezes ainda sob o primeiro, homem de negócios bonacheirão que achava Salazar esperto demais para ele e arranjava desculpas que justificassem mandar Kennan em seu lugar).

 

«Robespierre também não», quase me saiu da boca mas contive-me. Acabava de conhecer George F. Kennan, 97 anos, monumento vivo da diplomacia e da história diplomática americanas que me recebia em casa dele em Princeton, fora eu convidado para me candidatar à cátedra que leva o seu nome no Institute for Advanced Study, onde estive de 2001 a 2004. Começara por me dizer quanto tinha gostado de Portugal.

 

Ainda bem que me contive porque, primeiro, Kennan não tinha vestígio do zelo escuteiro que tantas vezes torna ridículos (ou, excepcionalmente, admiráveis) compatriotas seus do corpo diplomático e porque, segundo, a ausência de corrupção faz um chefe ser respeitado por aqueles em quem mande, mesmo que tenha a mão pesada.

 

Está a acontecer agora no Califado, ou Estado Islâmico. É constituido por cidades e campos de que se apossou na Síria e no Iraque, países inventados a seguir à guerra de 14/18, talhados no que fora o Império Otomano pela França e o Reino Unido, e corruptos desde a sua criação. É propósito das relações públicas do Califado aterrorizar toda a gente, a começar pela sua. Inimigos são massacrados com crueldade. Espectadores distantes, como os europeus, são mimoseados na televisão com execuções atrozes que deixámos de praticar entre nós de há algum tempo a esta parte. No Califado, porém, é diferente: a lei é dura mas é a lei. Infieis e apóstatas são decapitados; ladrões, cortam-lhes a mão; adúlteras e adúlteros lapidam-nos (apedrejam-nos até à morte) – mas, dizem-me entendidos, a corrupção acabou: já não é preciso dar dinheiro indevido a toda a gente ligada ao estado, para tudo e por toda a parte. Passados excessos da conquista, quem acate as leis e cumpra as regras é menos incomodado pelo poder do que no tempo do Iraque e da Síria.

 

Se for sunita e dos bons. Gente doutras crenças ou com fantasias do género as mulheres devem saber ler terá de se pôr ao fresco se quiser salvar a pele. E o Rolex do Califa Al Baghdadi sugere luxos escondidos. A Utopia não foi desta mas para o camponês, o pequeno comerciante, o mestre d’obras de aldeia, está-se melhor do que sob as prepotências anteriores. Comer e calar.

 

Salazar era incorrupto mas a pobreza ajudava. O país antigo tinha esmoído as modernices do liberalismo. Por 1960 começou a haver mais dinheiro e as coisas mudaram. O 25 de Abril trouxe liberdade; a União Europeia despejou dinheiro fresco a rodos; o euro foi o fim da picada. Muito sizo temos nós tido.

 

 

 

Imagem aqui

 

 

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Quarta-feira, 8 de Julho de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

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O Concerto no Ovo, Hieronymus Bosch (c.1450-1516)

 

 

 

 

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Europeus

 

 

 

«Ih patrão, um homem pra ser um homem tem de ter feitos de alarve!» explicou rapaz que se tinha atirado a um pego no Guadiana sem saber nadar durante festa de campo e fora salvo à justa.

 

Assim fizeram no Domingo os gregos que votaram ‘não’. Mas ao contrário de Guilherme Gião, da Herdade da Abegoaria, que achou graça ao rapaz, os patrões do Norte e do Centro da Europa não acharam graça nenhuma e, açulados pelos eleitores - as bases são sempre muito mais intolerantes do que as cúpulas – gostariam de continuar a tirar aos gregos coiro e cabelo (mas agora fia mais fino) não porque tal melhorasse economia grega ou europeia, pelo contrário, mas porque os gregos pecaram e têm de expiar os seus pecados.

 

Tal convém a Angela Merkel: por um lado, fazer o que os eleitores querem segura votos; por outro, tal como para o Pai Bush, a vision thing não é para ela (no dia da queda do Muro de Berlim, cidade onde vivia, em vez de ir molhar a sopa ou pelo menos assistir à destruição, foi à sauna - porque era dia de sauna) de maneira que quem precise de timoneiro para a viagem europeia terá de bater a outra porta. E há mais, lembrou-me amiga perspicaz: criada desde os 3 anos na República Democrática entre os vencedores da Segunda Guerra Mundial – o heróico povo alemão, ajudado pelo heróico povo russo, derrotara o nazismo e derrotaria um dia o capitalismo – nunca sentira a culpa salutar que fizera Helmut Kohl ter uma regra: quando o Chanceler alemão encontra o Presidente francês, começa por fazer três reverências.

 

Nos dias de hoje, para ela, eleitores e partido vêm à frente da Alemanha e a Alemanha muito antes da Europa. Até à reunificação muitos alemães ocidentais consideravam-se europeus antes de alemães mas esse chão deu uvas. Deutschland über alles.

 

Não há, em princípio, mal nenhum nisso. Cosi fan tutte. Gregos, atirando-se à água sem saberem nadar para mostrarem que são homens. Polacos, cuja cavalaria atacou tanques alemães a sabre, em 1939. Suécia, que se deu à eutanásia há 80 anos mas se arma em sogra do mundo e prega moral. Portugal, convencido de que, apesar do tiro-liro-liro estar lá em cima e nós estarmos cá em baixo, não há de ser nada. Inglaterra, capital da excentricidade, de onde The Economist faz em cada número obituário de morto ilustre (nossos, lembro-me de Amália e Melo Antunes) e escolheu a semana passada não uma pessoa mas uma gata, célebre no Japão onde era chefe de estação e Vice-Presidente honorária de companhia de combóios e, diz The Economist, sabia que era divina.

 

Gente variada, os europeus. Não se dão mal uns com os outros desde que um deles não queira mandar no resto e pôr todos à sua imagem e semelhança. Ora, depois de mais de meio século caladinha, a Alemanha recomeçou a afirmar-se. Terceira investida em cem anos, desta vez a bem – mas se não a refrearem vai de novo criar cizânias. Não por mal mas por desejo irreprimível de meter tudo na ordem sem nunca perceber que a sua ordem possa não convir aos outros.

 

 

 

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Quarta-feira, 1 de Julho de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

 

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 Nave dos Loucos,  Pieter van der Heyden

 

 

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Sem Europa

 

 

 

 

Amigo antigo perguntou-me há dias como era isto da Grécia. Embora o bloco só saia à Quarta-Feira, esta semana tenho de o aprontar mais cedo e bato teclas ao Domingo. Se, entre o momento em que escrevo e o momento em que a leitora lê, o primeiro ministro Tsipras, possuído de élan ecuménico, tiver ido ver o papa Francisco a Roma, ou o seu partido prometer apresentar provas de que o ministro Schäuble recebeu instruções directas do grupo Bilderberg, ou um movimento de Cristãos Sociais bávaros, com freiras, curas e bandeirolas, garantir que o ministro Varoufakis é o Anticristo, sem que nada disso apareça no blog a explicação fica dada.

 

Resposta ao meu amigo. 1 Muita gente acha que a Grécia não estava em estado de ser admitida nas Comunidades Europeias quando o foi, em 1981 (por grande pressão francesa, com Giscard Presidente). A política e a economia eram conduzidas por famílias, compadrios, redes de corrupção, a evasão fiscal era a norma, tudo coisas dificeis de conciliar com um Estado moderno. 2 Gente acha também que, depois, a adopção do euro foi ainda mais disparatada. 3 Em 2010, George Papandreu, recém-eleito primeiro ministro, disse que governos anteriores tinham falsificado as contas e que a situação financeira do país era catastrófica (verdade e ninguém foi preso; tampouco algum político se reformou). 4 Perante o «buraco» grego, os países europeus e a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu, FMI) impuseram austeridade muito dura que salvou bancos franceses e alemães mas aumentou dívida e desemprego e enterrou a economia. (Quando em 2011, Papandreu quiz fazer um referendo a fim de procurar apoio popular a medidas difíceis, Merkel e Sarkozy mandaram-no bugiar e foi substituido por um tecnocrata). Nos últimos anos, a administração de Samaras conseguiu mesmo assim obter um supervavid primário que se viesse a ser acompanhado de restruturação da dívida permitiria à Grécia ir saindo do buraco – mas que sem restrusturação de pouco serve. 5 No começo deste ano, Syrisa, partido de extrema esquerda com vocação de PREC, mentira fácil e ignorância militante ganhou eleições prometendo acabar com a austeridade, coligou-se com pequeno partido de extrema direita, e tem negociado de má fé com os credores. 6 Quando, há dias, Tsipras anunciou referendo em que diria não, os ditos credores – Comissão, FMI, Estados Membros – acabaram a conversa e a Grécia que se governe.

 

Porque é que o desentendimento tem sido tão grande ? Porque para os alemães, dívida é pecado e para os gregos tem sido, há gerações, modo de vida. Hoje, apesar da inépcia crassa do Syrisa, muitos gregos tentam corrigir-se mas como mudar os alemães? (No seu diário de 14-18, Enrst Junger fala do «surpreendente amor dos nossos soldados pela ordem» mesmo no meio dos horrores da guerra).

 

E como já não há estadistas com visão europeia (Grécia; emigração) vai tudo de mal a pior. O mundo globalizado não é pera doce e sem uma União forte seremos deitados às feras.

 

 


 

 

 

publicado por VF às 08:49
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