Quarta-feira, 14 de Novembro de 2018

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

arc de triomphe Paris

Arco do Triunfo, Paris

 

 

José Cutileiro

 

Eterno retorno

 

 

Fim de semana chuvoso, no conforto de casa, com a televisão a mostrar comemorações em vários lugares, mormente no Paris que Haussman arquitectou para glória do Estado e controle de turbas operárias descontentes. Arco do Triunfo no centro da Estrela, debaixo do chão da qual jaz o soldado desconhecido (ou conhecido de Deus – Known unto God– segundo lápides funerárias em cemitérios militares britânicos, graças a Rudyard Kipling, prémio Nobel da literatura, que perdera um filho na guerra cujo fim, há cem anos, foi celebrado este Domingo). França, a mais monárquica das Repúblicas - cada francês ou francesa entrança em si um ci-devante um sans culotte  - tem jeito para comemorações destas, a coreografia foi excelente, os muitos chefes de estado presentes, abrigados da chuva por elegante construção temporária transparente, portaram-se bem e Macron disse bem discurso bem escrito. A Sarabanda da 5ª suite para violoncelo solo de João Sebastião Bach - que Rostropovich tocara em 1989 diante de Muro de Berlim deitado a baixo – ouviu-se desta vez pelas mãos de Yo Yo Ma. (Mesmo três Fems que conseguiram manifestar-se e a polícia agarrou logo não destoaram: mamas ao léu fazem parte gloriosa da Grande Revolução Francesa).

 

Tudo como deve ser mas Álvaro de Campos veio-me logo à cabeça.

 

Dos Lloyd Georges da Babilónia                                                                                             

Não reza a história nada.                                                                                    

Dos Briands da Assíria ou do Egipto,                                                                                  

Dos Trotskys de qualquer colónia                                                                                            

Grega ou romana já passada                                                                                                     

O nome é morto, inda que escrito.

 

 

 

Só o parvo de um poeta, ou um louco                                                                                                                                           

Que fazia filosofia                                                                                                                        

Ou um geómetra maduro                                                                                                               

Sobrevive a esse tanto pouco                                                                                                                                                                                                                                  Que está lá para trás no escuro                                                                                                   

E nem a história já historia.

 

 

Ó grandes homens do Momento!                                                                                                              

Ó grandes glórias a ferver                                                                                                                        

De quem a obscuridade foge!                                                                                                                

Aproveitai sem pensamento,                                                                                                                           

Tratai da fama e do comer,                                                                                                                                                                         

Que o amanhã é dos loucos de hoje.

 

 

Em modo menos anarquista, lembrei-me da estreia de ‘A Tragédia do Rei Lear’, posta em cena em sueco por Ingmar Bergman em Janeiro de 1984, na véspera da abertura da Conferência de Paz de Estocolmo, entre países da OTAN, países do Pacto de Varsóvia e países neutros e não-alinhados, que começou num dos momentos mais tensos da Guerra Fria. O 'Rei ‘Lear’ é uma zaragata de faca e alguidar em que muita gente mata e morre, incluindo o Rei e as três filhas. Na última cena, alguns sobreviventes lambem as feridas e preparam-se para retomar a vida, acabrunhados. Na mise en scénede Bergman, o pano cai – e levanta-se num ápice com os personagens de espada em riste já prontos para outra, antes de cair de vez.

 

Será o que nos espera? Angela Merkel esmagou o Sul da Europa, não quis tocar no superavit alemão, despertou o fascismo latente do Leste da Europa ao prometer-lhes gente de todas as fés e cores e vai-se embora. Os ingleses perderam a tramontana. Varsóvia, Budapeste, Viena, até Roma, deixaram de procurar entrar pela porta estreita e animam o pior dentro de cada um de nós. Macron quer as coisas certas mas tem pouca companhia. E de um lado e do outro, sem fé nem lei, Trump e Putin fazem troça.

 

Uma broncalina do camandro ou, se a leitora preferir, uma Bernardette do caboz.

 

 

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Domingo, 18 de Dezembro de 2016

brinquedos portugueses

 

 

Olavo 1.jpg

 

 

Em tempos, quando o Menino Jesus, ou tu, faziam anos, a família e os amigos da casa ofereciam-te objectos desconcertantes e inúteis, chamados brinquedos. Tu, está claro, ficavas muito contente com os presentes, por virem embrulhados em papéis vistosos, por constituírem uma novidade, aliás provisória (lamentável defeito da novidade!) mas principalmente por ser costume ficarmos contentes quando alguém nos oferece qualquer coisa. Na verdade, ou seja, no dia seguinte (a verdade só é completa no dia seguinte), verificavas que os tais brinquedos não correspondiam às tuas secretas ambições. Ah! O dia seguinte do brinquedo! Como é rápida a decadência do brinquedo, uma vez arrancado ao arranjo da montra da loja, onde brilhou, rodeado por outros brinquedos, valorizado por luzes hipócritas! Os brinquedos deviam ficar eternamente na suas caixas bonitas, ou penduradas nos tectos dos estabelecimentos para serem apontados pelos dedos indicadores dos meninos. É raro um brinquedo corresponder à imaginação da criança que o recebe. Deves lembrar-te de que, por volta dos teus seis anos, não achavas graça nenhuma a um boneco, por mais bonito que ele fosse. Eu, pelo menos, não achava. O que eu queria era um martelo verdadeiro para pregar pregos verdadeiros onde me apetecesse. A lei natural dos contrastes convida as crianças a desejarem ser adultas. Por exemplo: um cavalo vivo, com arreios de “cow-boy”, é artigo muito querido de todos os meninos. Pistolas autênticas, das que dão tiros homicidas, bicicletas de duas rodas, serrotes, etc., são objectos apreciadíssimos pela infância, que também aceita, resignadamente, as respectivas imitações, de lata, de três rodas, e sem dentes.

 

 

 

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Tenho um amigo um bocado parecido comigo nestes assuntos de educação infantil. Tem dois filhos a quem tudo permite e a quem gostaria de realizar todos os sonhos. Há tempo, um dos pequenos pediu-lhe um serrote com dentes afiados, e o pai fez-lhe a vontade. O serrote marcou época em casa do meu amigo. Vários móveis de estimação foram serrados pelo garoto que, trocadilho aparte, tem «bicho carpinteiro». O pai do serrador desgostou-se com a proeza do filho e julgo que lhe tirou o serrote. Mas teve desgosto quando lhe tirou o serrote. Disse-me, confidencialmente, que nunca mais o seu querido filho teria um brinquedo que lhe desse satisfação comparável à daquele serrote verdadeiro. «Resta saber — concluiu — se é melhor evitar a perda de móveis insubstituíveis ou a perda duma partícula da alegria de viver do meu filho». Mas, repito, não ê possível apertar em tão poucas linhas a extensa filosofia do brinquedo.

 

 

 

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[...] As crianças portuguesas já trazem de longe, quando nascem, uma indisciplina, uma desordem que não lhes consente manusear dinamite sem perigo de explosões. Logo, não as podemos presentear, aos dez anos, como acontece aos meninos alemães, com espingardas de tiro rápido, nem com cavalos de carne e osso, como é uso conceder às crianças inglesas. Sejamos prudentes com os nossos filhos, deliciosamente meridionais, imaginativos e bravos! Fabriquemos, para eles, alguns brinquedos mansos e já consagrados, mas tanto quanto possível aportuguesados.

 

 Olavo d’Eça Leal

in Revista Panorama, número 12, ano 2º, 1942

 

 

 

 

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Olavo d’Eça Leal (1908-1976) pertenceu à geração de intelectuais e artistas portugueses que colaboraram na revista Contemporânea e no Salão dos Independentes. Escritor e célebre radialista da Emissora Nacional, a sua obra inclui o teatro, a poesia, as artes plásticas, a ficção e a literatura infantil. Escreveu e produziu dezenas de peças para a rádio e televisão, foi jornalista, ilustrador, e coleccionador ecléctico.

 

Em 1939 publica um livro para crianças, Iratan e Iracema, os Meninos mais Malcriados do Mundo, com ilustrações de Paulo Ferreira, que recebe o prémio Maria Amália Vaz de Carvalho. Esta história ao jeito de folhetim radiofónico infantil foi lida pelo autor aos microfones da Emissora Nacional no programa "Meia Hora de Recreio" em trinta e oito fragmentos. Em 1943 é editada a sua História de Portugal para os Meninos Preguiçosos (1943) ilustrada por Manuel Lapa.

 

Desenhos, pinturas, livros e objectos de Olavo d’Eça Leal reunidos ao longo dos últimos quarenta anos pelo seu filho Tomaz encontram-se expostos na Casa da Pinheira [The House of the She-Pine Tree] - Casa-Museu e Guest House situada numa antiga quinta do século XIX próximo da aldeia do Sabugo.

 

 

 

 

 

Agradecimentos: Tomaz d’Eça Leal, Casa da Pinheira , Hemeroteca DigitalAlmanak Silva, Restos de Colecção, JuvenilbaseWikipedia

    

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Quarta-feira, 17 de Agosto de 2016

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

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Aniki-Bóbó, 1942

 

 

 

 

 

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Contas do Porto

 

 

 

A primeira vez que fui ao Porto estranhei que me aceitassem o dinheiro. Ia em trabalho e ao fim de meio dia na cidade parecia-me evidente que um escudo de Famalicão ou de Ponte da Barca incorporava muito mais capital e trabalho do que um escudo de Almodôvar ou de Vendas Novas. Eu tinha quase trinta anos, isto é, foi há muito tempo: antes da adopção do euro como moeda nacional ter atirado os escudos para museus de numismática onde já se mostravam réis e cruzados e maravedis; antes de, a seguir ao 25 de Abril, se terem mudado nomes às coisas pensando-se que assim se mudava a natureza destas (mas a Ponte 25 de Abril é a mesmíssima ponte que a Ponte Salazar e o país que adiante e atrás dela se vê não pertence nem mais nem menos ao povo do que pertencia no dia 24 de Abril de 1974); antes da morte do Doutor Salazar por mor de ter caído da cadeira de lona onde gostava de se sentar no forte de Santo António do Estoril - por ordem cronológica invertida destes acontecimentos.

 

Mais atrás ainda. Eu era elitista, sulista e arrogante. Aos 15 anos fora aprender a pintar no atelier de António Pedro, em Campo de Ourique, onde pintores do primeiro grupo surrealista português, a que ele pertencia, elaboravam um cadavre exquis (quadro colectivo de que cada autor só ia vendo a sua parte). Pedro era sábio: não me meteu em cavalarias tão altas; mandou-me fazer retrato a óleo de um boi de loiça das Caldas. Passados meses desisti de vir a ser pintor; depois Pedro foi para o Porto onde fundou e dirigiu durante anos o Teatro Experimental. Num fim de tarde de inverno chuviscoso encalhámos os dois um no outro numa paragem de autocarro na Praça dos Restauradores, em Lisboa. Depois de saudações efusivas, “Mestre” perguntei-lhe eu “Como é que se pode viver no Porto?”. António Pedro era alto, de traços finos, óculos e barbicha bem aparada. Lá de cima respondeu-me com bonomia: “Oh filho: o Porto é uma cidade de província da Europa. E Lisboa não é nada”.

 

Depois de longa ausência, entrecortada por visitas curtas com fito certo, passei o último fim da semana a flanar no Porto e o efeito desta vez foi fulgurante. Lança autoestradas para fora como os polvos lançam tentáculos, por cada uma delas se entra na cidade e se deita até à Ribeira, sem léguas de subúrbios pelo meio. E a actividade permanente que já há mais de meio século me parecera de outro mundo, acentuou-se ainda mais e varia nas muitas novas coisas que se vão fazendo. Estamos, diz-se agora, todos ligados pela internet mas haverá lugares mais intensos na ligação do que outros. O dinheiro, a moeda, hoje não me dá problemas, porque já nem é deles nem é nossa. Mas há outra coisa, mais funda. O Porto, pensei, é Portugal acordado. E que o tripeiro ainda ature o alfacinha talvez devesse espantar muita gente (escrevo à vontade por não ser nem um nem outro).

 

Mário Cesariny de Vasconcelos pôs o dedo na ferida de maneira incómoda: “Lisboa, capital do Porto”. Injusto? Talvez mas por aqui me fico.

 

 

 

 

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Domingo, 10 de Abril de 2016

"Colectiva" de A. calpi

 

 

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 Galeria espaço AZ, Lisboa

 

 

 

 

Patente até 24 de Abril em Lisboa, a exposição "Colectiva" apresenta um vasto conjunto de obras confeccionadas por A. calpi desde o ano 2000 a partir de objectos abandonados, restos de colecção e materiais descartados.

 

A colecção de colagens, esculturas e assemblages, suportada por elementos de cenografia e decoração, inclui desde pequenos objectos até imponentes e delicados  "troféus" e "monumentos", erguidos dia a dia por A. calpi ao sabor do que se lhe ofereceu ao longo dum percurso criativo singular, marcado por incursões em géneros muito diversos e tendo por pano de fundo o amor pelo teatro e a alta cultura.

 

A quantidade e a diversidade de peças expostas, a sua laboriosa complexidade, e a forma como se encontram distribuídas pelos diferentes espaços da galeria conferem a esta primeira mostra a densidade de uma retrospectiva: meditação bem humorada e melancólica sobre a passagem do tempo e a vida dos objectos, cartografia dos estados de alma do artista, labirinto poético não isento de inquietação.

 

 

 

 

 

"Colectiva" de A. calpi

Curadoria: Eva Oddo [texto da exposição aqui]

 

Na Galeria espaço AZ aqui

Travessa Fábrica dos Pentes, 10

Lisboa

Exposição patente até 24 de Abril, Quinta a Domingo das 16H00 às 20H00

 

Acção dramática “Morre Pr’aí” / “Drop Dead” / “Die Hard” de 11 a 24 de Abril

 

Para adultos. Quintas, sábados, domingos e segundas às 19H30.

Nestes dias a galeria fecha às 19h30 e não será possível aceder depois desta hora.

Número limitado de lugares, sujeito a reserva por e-mail [colectivac@gmail.com].

 

 

 

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Terça-feira, 10 de Novembro de 2015

André Glucksmann (1937-2015)

 

 

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Que répliquer à l'hégélianisme spontané qui gouverne la une des journaux ? Comment ne pas concéder que l'histoire du monde juge tout le monde et emporte tout un chacun (Weltgeschichte ist Weltgericht)? Ma réponse est brutale, je te l'expédie sous forme d'une injonction pragmatique et sai­gnante : redevenons classiques. Pas naïvement classiques, bien sûr. Casse-cou jusqu'au bout, je n'aurai de cesse avant que tu m'entendes: revenons à Racine. Oui, résiste à l'incoer­cible désir de normalité qui pousse à s'immerger dans ce qui semble le cours des choses. Oui, prête au journal télévisé l'attention détachée, mais imprescriptible, que suscite une représentation d'Athalie ou d'Andromaque. Sur la scène, à l'écran, l'éclair du définitif risque à tout moment d'accrocher ton regard. Accrocher à quoi? La question est bonne. Garde la tête hors de l'eau, redeviens « classique », et tu ne seras jamais l'homme d'une seule époque.

 

Le classique habite deux patries, la sienne et une autre. La Florence des Médicis et la Grèce, la Rome du quintocento et celle d'Auguste. Le Siècle d'or espagnol, l'Angleterre d' Élisabeth, la France du Roi-Soleil, au choix, mais jamais sans son ombre glorieuse et antique. Les classiques cultivent le sentiment paradoxal mais banal d'une plongée dans l'histoire qui les élève et les enlève hors histoire. Ils s'autorisent de l'expérience immobilisée du temps qui passe. Ces esprits à double nationalité recherchent le temps perdu plus frénétiquement que l'existence de Dieu, quitte à reconnaître, avec Proust que, perdu pour perdu, le temps est cette recherche même, dont on ne sort que mort. Il n'y a pas de train pour Cythère, mon ami. Afin de vaincre l'angoisse des quais de gare, grignote une madeleine.

 

 

 

André Glucksmann

in Le Bien et le Mal, Lettres immorales d'Allemagne et de France

© Éditions Robert Laffont, S. A., Paris, 1997

 

 

 

 

 

 

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Segunda-feira, 29 de Junho de 2015

La vida es un sueño

 

 

 

La vida es un sueño y los sueños sueños son. Calderón cut a play's title out of that old Spanish proverb. Life is a Dream. The rest translates: 'Dreams are dreams.'

 

On the fifth of March 1933, the banks of the nation closed. Led more by a nose for drama than by the concern proper to a son, I hustled uptown to see how the 'old man' was weathering the crisis; my curiosity was not altogether sympathetic.

 

His business was located at 295 Fifth Avenue, the Textile Building, a hive of importers, wholesalers like himself, dark-complexioned men, immigrants all, most of them Armenians but some Anatolian Greeks, as well as a few Persians, Syrians and Egyptians. These men had come overseas from the East, propelled by a dream: that here their throats would not be cut. Working in the dust of carpets, living alone in dark back rooms, depriving themselves of pleasures, they'd put the dollars together, year after year, obeying the voice in the air of America; to accumulate money; that was safety, that was happiness. They married late, unromantically, going back to their native lands, as my father had, to find a proper woman out of their own tradition, ten, fifteen, twenty years younger, then made children as quickly as possible in half-paid-for homes while dutifully continuing to feed their accounts in banks whose doors, that morning, had remained locked.

 

Generally these men entered my father's store only when they had a customer whose needs they weren't able to meet from their own stock. They'd escort this buyer to Father's place and there pick up, in place of a profit, a commission. These encounters were rare since they were a last resort. My father's competitors paid each other no casual visits. But when I walked in that morning, there they were, a dozen or more, sitting cross-legged on piles of three-by-five Sarouk or Hamadan 'mats', clumped together in static postures, like hens roosting. Motionless, inanimate, they seemed to be waiting – but for what? Occasionally a few mournful words would be mumbled, a puzzled complaint. No response was expected, none offered.

 

Skirting the motionless figures, I circled back to the small desk where I was supposed to tend the accounts-due books. With business as bad as it had been, there'd been little to do that summer. I'd typed a few letters: 'Your immediate check would be sincerely appreciated' or 'We will regretfully be forced to place your account in the hands of our lawyers.' But most of the time I'd tilted up the large stock of our book and hidden The Brothers Karamazov behind it. This had been noticed, of course, and reinforced the general opinion that I was a young man without a future.

 

On this morning I sat idle, like the others, studying the assembly of merchants, men whose skins had once been a rich olive and were now pale from worry and the cold light that concrete walls shed. They're like shipwrecked sailors, I thought, thrown up on a desert and waiting for someone to rescue them.

 

Actually my father's business had gone 'kaput' - his word — three years before, in 1929, when the market collapsed. He'd put the yield of a life's labour into a stock issued by the National City Bank. Bought at just over 300, climbing as millions cheered past 600, it then rumpled with all the others down the mountain of high finance, like the boulders of an avalanche, to 23. At that time, he'd thought of his disaster as something for which he was in some way responsible; he must have done something wrong, made some awful mistake. Had he been outsmarted? Had he been cheated?

 

But now, in 1933, on the day the banks closed, surrounded as he was by men who shared the catastrophe — no one smarter, no one luckier, he knew them all to be as ordinary as he was - Father must have begun to accept that what had happened was more serious than any mistake he could have made. The men around him were all bleeding from the same invisible lesions. In a few years many of them would be out of business. They all shared a dread of what was coming.

 

 

Elia Kazan

in  A Life   p.102-103

© Elia Kazan 1988

 

 

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On board the Keiser Wilhelm which brought us to America (1913)



publicado por VF às 08:44
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Quarta-feira, 10 de Junho de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

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10 de Junho

 

 

 

“Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo”. Este verso da Feira Cabisbaixa de Alexandre O’Neill ressoa em mim. Tentei ver-me livre dele por via post-moderna — “Portugal é questão que Alexandre O’Neill tem consigo mesmo” — mas, sendo o post-modernismo um rosário de asneiras, a esperteza não me ajudou a sair do labirinto.

 

Alguns anos depois, o homem de teatro Mário Viegas, em campanha para a Presidência da República, lançou esta palavra de ordem: “Europa não. Portugal nunca!”. Também ressoou em mim. Deveria ser adaptada e divulgada em todas as línguas da União. Os europeus – 7% da população, 25% do produto, 50% da despesa social do mundo… E ainda se queixam? – terão de perceber que se não há ninguém melhor do que eles, tampouco eles são melhores do que seja quem for. É claro que píncaros éticos assim são para Espinosas, não para mortais comuns. Mas, se não quisermos outra vez guerras entre nós, é para esse lado que se deve esticar a corda e não para o outro como fazem agora patriotas finlandeses, lepenistas franceses, ukipistas ingleses, tantos outros. (Hoje digo sim à Europa. Sabe-se que, para quem não tenha muita fé, não há nada pior do que ir a Roma; no meu caso, quinze anos de vida em Bruxelas fizeram de um eurocéptico um europeísta. E passei a preferir Portugal sempre a Portugal nunca: sabedoria ou senilidade?)

 

Entre os dizeres de O’Neill e Viegas, Portugal vivera a 25 de Abril de 1974 o seu terceiro grande sobressalto no século XX. Hoje a maioria não se lembra do Estado Novo. António Alçada Baptista, em 1998, escreveu sobre ele: “(…) no tempo do antigo regime vivi com alguma ansiedade a condição de ser português. Não tínhamos liberdade e aguentámos uma guerra colonial que era para mim uma vergonha. O governo tinha tomado conta de todos os valores patrióticos e religiosos e por isso era com muita dificuldade que eu conseguia ter orgulho no meu país”.

 

Era assim nesse tempo com muitos de nós, católicos ou ateus, monárquicos ou republicanos. Ditaduras e guerras dão tratos de polé ao patriotismo. Em 1940, o regime francês de Vichy, presidido pelo marechal Pétain, julgou à revelia o general De Gaulle, refugiado em Londres, e condenou-o à morte por traição à pátria. Por sua vez, em 1945, o regime francês de Paris, presidido por De Gaulle que ajudara a derrotar a Alemanha nazi, condenou Pétain à morte por traição à pátria. De Gaulle, cujo único filho varão era afilhado de Pétain, comutou a pena em prisão perpétua.

 

Na paz e democracia do Portugal europeu de hoje, um inglês da Várzea de Colares - Deus lhe tenha alma em descanso – gabava-se ser o único colunista da imprensa lisboeta que gostava de Portugal; os seus confrades lusos não paravam de dizer mal do país. Alguém lhe explicou. Ele louvava Portugal mas se estrangeiros viessem atacá-lo meter-se-ia no primeiro avião para Londres. Os confrades lusos talvez não gostassem de Portugal mas amavam-no e, se estrangeiros investissem, morreriam por ele. Simples, no fundo.

 

 

 

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Quarta-feira, 29 de Abril de 2015

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

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Contas à vida

 

 

 

É pena que a juventude se desperdice nos jovens, disse Bernard Shaw e quanto mais os anos passam melhor o entendo. É claro que cabeças afinadas sempre deram por isso embora só muito raramente na altura devida – foi o caso de Paul Nizan, ao começar o seu Aden Arabie: “Tinha vinte anos. Não deixarei ninguém dizer que é a idade mais bela do mundo”.

 

Morre jovem o que os Deuses amam é um preceito da sabedoria antiga disse Fernando Pessoa de Mário de Sá-Carneiro, preceito que, como outros, aguentara os dois milénios e meio que vão de Homero até nós mas é posto em causa por progressos da ciência e pelo mandamento cristão de amar o próximo como a nós mesmos. Além disso, dantes as transições eram espaçadas – ao ponto de, entre os Dayaks do Borneo, por exemplo, se morrer duas vezes – e sabia-se de onde se vinha e para onde se ia. E nem toda a gente pode ter razão ao mesmo tempo, ao contrário do que pretendia Montaigne quando escreveu que antes do cristianismo ou fora do alcance deste, quem tivesse sido bom seria salvo por Deus, fossem quais fossem as suas crenças. É o que lógicos chamam a falácia de Montaigne e dela não há saída: ou o Deus em que eu acredito é o verdadeiro ou não é - ponto final, parágrafo. (A globalização de constituições democráticas vem dar mais outra demão à pintura. Ter certezas na cabeça e querer também paz sobre a terra para os homens – e mulheres - de boa vontade com outras certezas na cabeça é pedir trabalhos de Hércules e sofrimentos de Job. Democracia dá trabalho e a preguiça é um dos pecados mortais).

 

E os velhos? Se Deus não gostasse de velhos porque deixaria haver cada vez mais? E o que eles gostam da vida! Não me esqueço de cardíaco negro no hospital de Santa Maria, de olhos fechados, impávido qual estátua jacente, enquanto professor explicava a sua doença a futuros médicos. Quando chegou à terapêutica o moribundo abriu um olho, levantou um braço, anunciou “Eu dou-me bem é com a aminofilina”, baixou o braço, fechou o olho, calou a boca e voltou a esperar a morte. Eutanásia compulsória? E a aminofilina? Vai ser o bom e o bonito.

 

Amparo-me em muleta de Shaw também para acabar. Na peça Major Barbara (major da Salvation Army) o pai da heroína é industrial de armamento e o namorado é idealista de esquerda. Discutem à porta da fábrica. Não resisti a emprestar as suas palavras a protagonistas de peripécias europeias dos nossos dias.

 

                                   Varoufakis

 

O senhor julga que eu trocava a minha consciência pelo seu dinheiro?

 

                                     Schäuble

 

E o senhor julga que eu trocava o meu dinheiro pela sua consciência?

 

Sempre houve ricos e pobres, suspirava a Avó Berta - e emigrantes afogados no Mediterrâneo, talvez acrescentasse agora, que o caruncho do tédio esfarela a Disneylândia de Direitos Humanos que construímos durante a Guerra Fria para chamar a Rússia à pedra; Rússia que - não haverá nada a fazer? – insiste em ser ainda muito pior do que nós.

 

 

 

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Sexta-feira, 19 de Dezembro de 2014

Garrett, um dos precursores da modernidade

 

 

 

Garrett desenho Júlio Gil.jpg

 

 

 

Protagonista e espectador de acon­tecimentos fundamentais na cul­tura, na política e na sociedade por­tuguesas, Garrett (1799-1854) viveu a transição do século XVIII para o século XIX, a viragem do Portugal velho para o Portugal novo. O exí­lio, o desempenho de funções diplo­máticas e outras actividades obrigaram-no a residir alguns anos na Inglaterra, na França e na Bélgica. Teve contacto directo com a vida social e política daqueles países e dos movimentos culturais de van­guarda.

 

Foi um dos principais colabora­dores de Mouzinho da Silveira na redacção e elaboração dos decretos para a reorganização das finanças públicas, da justiça, da divisão ad­ministrativa e que modificaram o sistema governativo. Pertence-lhe, também, uma das leis para a definição da propriedade literária e o direito de autor, contribuindo para a dignificação e independência da criação intelectual.

 

A modernidade começou, entre nós, com Garrett. As raízes da mo­derna poesia portuguesa, no enten­der de José Régio e depois de Óscar Lopes e António José Saraiva na História da Literatura Portuguesa, derivam da obra de Garrett. Prolongou-se até às gerações do Orpheu e da Presença. Sem o Gar­rett das Folhas Caídas não tería­mos João de Deus, nem António Nobre, nem Pascoais, toda a gran­de corrente lírica dos séculos XIX e XX , que retrata muito do comportamento do homem português.

 

Desde sempre o teatro ocupou lugar de relevo nas suas preocupa­ções. Quando Passos Manuel este­ve à frente do Governo (1836-1837) solicitou a intervenção de Garrett para renovar o teatro. Dois exem­plos: a colaboração para organizar o Conservatório e para construir um Teatro Nacional. Integraram-se nesta política cultural as peças que Garrett escreveu e onde recriou grandes ciclos da História de Por­tugal: a revolução de 1385, que res­tituiu a independência e levou ao trono o Mestre de Avis ( O Alfageme de Santarém ); a época dos Desco­brimentos, contemporânea do nas­cimento do teatro português ( Um Auto de Gil Vicente ); a perda da in­dependência em 1580, com 60 anos de ocupação espanhola ( Frei Luís de Sousa); e a governação pombali­na (A Sobrinha do Marquês).

 

Criou, igualmente, uma nova escrita nas Viagens na Minha Ter­ra. Atribuiu à palavra a nitidez do pensamento, a variedade do ritmo, uma arquitectura verbal em que a construção lógica se concilia numa expressão original. As Viagens na Minha Terra abriram caminho à língua e estilo de Eça de Queiroz. Do Carlos das Viagens resultou o Carlos de Uma Família Inglesa, de Júlio Diniz, e o Carlos d' Os Maias, de Eça de Queiroz, qualquer deles elegante, volúvel, sedutor. E não será difícil aproximar o Carlos das Viagens de outro Carlos também de Eça de Queiroz e da sua geração: Carlos Fradique Mendes, exemplo do homem requintado, medularmente europeu.

 

Entre nós, Garrett foi o primeiro a recolher o tesouro poético do povo português. Recuperou da tra­dição oral numerosas composições do Romanceiro, muitas das quais inéditas, conforme revela o DN, hoje, a propósito do espólio de Ve­nâncio Deslandes. Mas ainda lhe cabe um papel precursor nas áreas da etnografia, do folclore, dos estu­dos de antropologia. O que é preciso - salientou - é estudar as nossas pri­mitivas fontes poéticas, os romances em verso e as legendas em prosa, as fábulas e crenças velhas (...) no grande livro nacional, que é o Povo.

 

Lançou um movimento que se reflectiu até aos nossos dias. Cha­mou a atenção para os atentados à paisagem, aos monumentos, às bi­bliotecas e arquivos. Apesar dos aproveitamentos políticos, para al­gumas orientações do Integralismo Lusitano e do Salazarismo, Garrett iniciou a reabilitação e classifica­ção do património articulando as necessidades e interesses locais com a história, a geografia e o quotidiano, a fim de assegurar os fun­damentos da identidade do País.

 

Em tudo quanto fez Garrett, sem deixar de ser português, aproximou-se da Europa numa perspec­tiva aberta, dinâmica e plural, de sentido humanista.

 

 

António Valdemar

in [Garrett] "Um dos Precursores da Modernidade" 

Diário de Notícias, 7 Dezembro 2004

 

*

 

Imagem:

Desenho de Julio Gil  

Ilustração de Viagens na Minha Terra de Almeida Garrett

Diário de Notícias, 24 de Janeiro de 1955

 

 

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Sábado, 13 de Dezembro de 2014

A propósito do Romanceiro de Garrett

 

APV still 378 blog

Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça gravam mulheres da Beira a cantar.

Fotograma de 27 minutos com Fernando Lopes Graça [António Pedro Vasconcelos, RTP 1968] 

 

 

[... ] Reco­lhendo a letra dos Romances desa­companhada da respectiva música, o autor das Viagens na minha terra fez obra incompleta, truncada. Não o culpemos muito por isso. Pode­ria ele ter procedido diferente­mente ? Garrett era, antes de mais nada, um poeta, um escritor, cer­tamente pouco familiarizado com o fenómeno musical. Não era fol­clorista (a disciplina do folclore achava-se então ainda nos limbos) para poder proceder à sua reco­lha (aliás feita indirectamente, através de comunicações de ter­ceiros) com verdadeiro método científico.

 

Lembremo-nos, ademais, que, nos países que de certo modo o impulsionaram no estudo da lite­ratura popular e que lhe minis­traram as ideias interpretativas desta, a Inglaterra e a Alemanha, ou, antes, o movimento romântico naquelas duas nações, também as coisas não principiaram doutro jeito e que só mais tarde ali se começou a. prestar a devida aten­ção às melodias populares e a con­siderar em conjunto o binómio poesia-música.

 

No entanto, ao próprio Garrett. não passou acaso despercebida a deficiência do seu trabalho e o quanto importaria, sob o ponto de vista prático, isto é, para o apro­veitamento artístico dos materiais fornecidos pela nossa poesia tra­dicional, associar esta às melodias que com ela nasceram ou que com ela fraternamente andam de par. Comentando, no mesmo 2.° volume do Romanceiro, o Romance da «Bela Infanta» (que classifica de chá­cara), diz que o introduziu, com algumas alterações indispensáveis, no 5.º acto d' O Alfageme de Santarém, fazendo-o «cantar por um coro de mulheres do povo, à hora do trabalho». E relata, entre satisfeito e pesaroso: «...observei o sensível prazer que tinha o pú­blico em ver recordar as suas anti­guidades populares, que nem ainda agora deixaram de lhe ser caras, Mas por mais que fizesse, não consegui que as cantassem a uma toada própria e imitante, quanto hoje pode ser, da melopeia antiga com que há séculos andam casa­das essas trovas. Ainda em cima, os cantores desafinavam e iam fora de tempo na música italiana e com­plicada que lhe puseram. Apesar de tudo, os espectadores avaliaram a intenção e a aplaudiram.»

 

Dos Romances compendiados por Garrett conhecemos nós hoje tão só as toadas da Bela Infanta, do Bernal- Francês, do Conde Yano (ou Conde Alberto), do Conde de Ale­manha, da Silvaninha, do Reginaldo, do Conde Nilo, da Donzela que vai à guerra (também conhe­cido por D. Martinho), da Nau Catrineta, de O cego, de Linda-a-pastora (ou O príncipe e a pastori­nha), do D. João e de A morena. (E possível que ainda um que outro deles haja por aí recolhido por algum curioso ou folclorista benemérito de que não temos no­tícia). Mas o ponto é saber-se se tais toadas são de facto as que, à altura da colação garrettiana, se cantavam com as letras que ali se referem. Não terá havido em muitas delas permutas e transposições? Já se verificaria então o fenómeno, hoje corrente, de a uma determi­nada toada se poderem atribuir vários romances ou de um destes ser cantado com melodias diferen­tes ? Que alterações ou transfor­mações se terão produzido nessas toadas no decurso de um século?

 

A coisa seria importante de sa­ber-se para a organização e estudo quanto possível documentado do nosso Romanceiro no ponto de vista poético-musical; mas crêmo-la já agora impossível de apurar-se.

 

A tarefa sistemática da recolha da poesia e música dos Romances nunca chegou a ser empreendida entre nós, e talvez já seja tarde para a tentar. E que prejuízo daí não resultou, a avaliar pelos belos mas desgarrados espécimes com que se consegue topar numa que outra publicação ou ouvir ainda (cada vez menos, infelizmente) da boca do próprio povo! (*)

 

O cometimento de Garrett ficou incompleto; mas saibamos fazer jus ao grande escritor, hoje, no ano do seu Centenário, por haver dado o sinal de partida, ao menos num aspecto do conhecimento, res­guardo e apreço do rico tesouro da nossa arte popular.

 

Fernando Lopes Graça

in  A propósito do Romanceiro de Garrett

Vol. III de Gazeta Musical (Academia de Amadores de Música) nr 51 Dezembro de 1954 

 

 

(*) Nota do Autor: — Já agora, consignemos aqui os Romances (na maior parte incompletos, outros com interpolações várias) que, acom­panhados de música, andam dispersos por várias publicações de que temos conheci­mento, fazendo, para algumas das toadas recolhidas, a prudente reserva da fideli­dade da transcrição musical (por exemplo, para os das colecções de Pedro Fernandes Tomás, a quem muito se deve neste capí­tulo, mas cujo rigor musical é frequente­mente duvidoso), e formulando votos por que a presente lista possa vir a ser acres­centada com comunicações dos nossos es­tudiosos da matéria.

I. O Conde de Alemanha, Reginaldo, O Capitão da Armada, Nau Catrineta, O Cego, Frei João, Jesus pobrezinho, in Pedro Fernandes Tomás: Velhas Canções e Romances Populares Por­tugueses (França Amado, Coimbra, 1913).

II. O duque de Alba, A noiva enganada, in Pedro Fernandes Tomás : Cantares do Povo (França Amado, Coimbra, 1913)

III. O Caçador, Pastora, Sta, Catarina, Milagre da Virgem, in Pedro Fernan­des Tomás: Canções Portuguesas do século XVIII à actualidade (Coim­bra, Imprensa da Universidade, 1934).

IV. D. João, D. Fernando, D. Angela, Deus te guarde pastorinha, Mineta, A menina cativa (?), in P.e Firmino A. Martins: Folklore do Concelho de Vinhais, 2º vol. (Lisboa, Imprensa Nacional, 1939).

V. O lavrador da arada, O homem rico, Conde Alardo, Santa Iria, in António Avelino Joyce: Revista Ocidente, IV.

VI. Lavrador da Airada, D. Silvana, Santa Iria, O príncipe e a pastorinha, Ora, valha-me Deus, Morena, O rei e a pastora, D. Martinho, in J. Diogo Correia: Cantares de Malpica (Livra­ria Enciclopédica de João Bernardo, Lisboa> 1938).

VII. O cego, Conde Nino, Conde Albano, Rosa, a pastorinha, Nau Catrineta, Dona Silvanas Irene (sem letra), Bernal Francês (sem letra), Lamenta­ções da freira (sem letra), Dona In­fanta, Gerinaldo, O lavrador da arada, in Gonçalo Sampaio: Cancioneiro Mi­nhoto, 2,a edição (Livraria Educação Nacional, Porto, 1944).

VIII. O lavrador da arada (três versões), Romance ("sem titulo), in Edmundo Arménio Correia Lopes: Cancioneirinho de Fozcoa (Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926).

IX. Santa Iria, A nau Catrineta, in Fran­cisco de Lacerda: Cancioneiro Musi­cal Português   (Junta de Educação Nacional, Lisboa, 1935).

X. Rosa, a pastorinha, Confissão da Vir­gem, in Sales Viana: Cancioneiro Monsantino (Edições SNI, Lisboa).

XI. A bela Infanta, in Rodney Gallop: Portugal, a book of Folk-ways (Cam­bridge, at University Press, 1936),

XII. Silvaninha (var.), Bela Infanta, in Ro­dney Gallop: Cantares do Povo Por­tuguês (Livraria Ferin, Lisboa, 1937).

XIII. Reginaldo (ou Gerinaldo), O homem rico, in Fernando Lopes Graça: A Can­ção Popular Portuguesa (Publicações Europa-América, Lisboa).

 

Deve observar-se que certos destes Ro­mances se acham repetidos ou constituem lições diferentes do mesmo tema; estão neste caso, por exemplo, Mineta (O cego), Rosa, a pastorinha (O príncipe e a pastora, Pastora), Frei João (Morena), Jesus pobre­zinho (O lavrador da arada). Isto apenas quanto às letras, porquanto as melodias não se repetem.

 

 *

 

Notas:

 

1. Fotograma de 27 minutos com Fernando Lopes Graça [António Pedro Vasconcelos, RTP, 1968] de excerto reproduzido no documentário Uma visita aos afectos do compositor  [Músicas Festivas de Fernando Lopes Graça © Sílvia Camilo 2014] 

Imagem gentilmente cedida por Sílvia Camilo a quem muito agradeço. 

 

2. O romance popular Linda-a Pastora com introdução de Garrett neste blog aqui

 

3. Artigo de Gonçalo Frota no Público O cante ouve-se com o corpo, diante das vozesaqui

 

4. Mais neste blog nas tags Lopes Graça e Garrett

 

 

 

 

 

 

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