La vida es un sueño y los sueños sueños son. Calderón cut a play's title out of that old Spanish proverb. Life is a Dream. The rest translates: 'Dreams are dreams.'
On the fifth of March 1933, the banks of the nation closed. Led more by a nose for drama than by the concern proper to a son, I hustled uptown to see how the 'old man' was weathering the crisis; my curiosity was not altogether sympathetic.
His business was located at 295 Fifth Avenue, the Textile Building, a hive of importers, wholesalers like himself, dark-complexioned men, immigrants all, most of them Armenians but some Anatolian Greeks, as well as a few Persians, Syrians and Egyptians. These men had come overseas from the East, propelled by a dream: that here their throats would not be cut. Working in the dust of carpets, living alone in dark back rooms, depriving themselves of pleasures, they'd put the dollars together, year after year, obeying the voice in the air of America; to accumulate money; that was safety, that was happiness. They married late, unromantically, going back to their native lands, as my father had, to find a proper woman out of their own tradition, ten, fifteen, twenty years younger, then made children as quickly as possible in half-paid-for homes while dutifully continuing to feed their accounts in banks whose doors, that morning, had remained locked.
Generally these men entered my father's store only when they had a customer whose needs they weren't able to meet from their own stock. They'd escort this buyer to Father's place and there pick up, in place of a profit, a commission. These encounters were rare since they were a last resort. My father's competitors paid each other no casual visits. But when I walked in that morning, there they were, a dozen or more, sitting cross-legged on piles of three-by-five Sarouk or Hamadan 'mats', clumped together in static postures, like hens roosting. Motionless, inanimate, they seemed to be waiting – but for what? Occasionally a few mournful words would be mumbled, a puzzled complaint. No response was expected, none offered.
Skirting the motionless figures, I circled back to the small desk where I was supposed to tend the accounts-due books. With business as bad as it had been, there'd been little to do that summer. I'd typed a few letters: 'Your immediate check would be sincerely appreciated' or 'We will regretfully be forced to place your account in the hands of our lawyers.' But most of the time I'd tilted up the large stock of our book and hidden The Brothers Karamazov behind it. This had been noticed, of course, and reinforced the general opinion that I was a young man without a future.
On this morning I sat idle, like the others, studying the assembly of merchants, men whose skins had once been a rich olive and were now pale from worry and the cold light that concrete walls shed. They're like shipwrecked sailors, I thought, thrown up on a desert and waiting for someone to rescue them.
Actually my father's business had gone 'kaput' - his word — three years before, in 1929, when the market collapsed. He'd put the yield of a life's labour into a stock issued by the National City Bank. Bought at just over 300, climbing as millions cheered past 600, it then rumpled with all the others down the mountain of high finance, like the boulders of an avalanche, to 23. At that time, he'd thought of his disaster as something for which he was in some way responsible; he must have done something wrong, made some awful mistake. Had he been outsmarted? Had he been cheated?
But now, in 1933, on the day the banks closed, surrounded as he was by men who shared the catastrophe — no one smarter, no one luckier, he knew them all to be as ordinary as he was - Father must have begun to accept that what had happened was more serious than any mistake he could have made. The men around him were all bleeding from the same invisible lesions. In a few years many of them would be out of business. They all shared a dread of what was coming.
Elia Kazan
in A Life p.102-103
© Elia Kazan 1988
On board the Keiser Wilhelm which brought us to America (1913)
Vasco Luís Futscher Pereira
3 de Fevereiro de 1922 — 20 de Agosto de 1984
Brasília, 10 de Agosto [1974]
Almoço com o Vasco Futscher no Clube Naval.
Rosto glabro e redondo e olhar de sapo por detrás duns óculos onde palpita viva e ágil a retina bombeada do míope. Grande falador de riso fácil e de uma extrema simpatia natural. Tudo lhe desperta curiosidade.
Ostenta um instintivo gosto pela vida alimentado, ao contrário de muitos, pela cultura e a inteligência. Uma ponta de obesidade confere-lhe uma certa inteireza física acentuando-lhe a espontânea jovialidade. Quando sorri, e sorri com frequência, as bochechas sobressaem à maneira dum boneco animado, arredondando-lhe a face e a expressão reboluda do olhar.
A primeira impressão é a de que não poderia ter havido melhor escolha. Calhado para o Brasil, como outros o são para a Finlândia ou a Indonésia. O Brasil, que não conhece, surge-lhe como uma experiência inteiramente nova que ainda o anima e seduz, pois é homem, se não me engano, de entusiasmos repentinos.
Diz-me, no entanto, ter ficado horrorizado com o que lhe contou o Castelinho1, com quem jantou há dias, acerca da intensidade e polivalência aqui da repressão política a cargo simultaneamente de diversos organismos, que agem por conta própria, cada um dispondo de sua gente e actuando por sua iniciativa.
[...]
Voltando ao Brasil, falei-lhe da relação essencialmente freudiana que ainda hoje liga - ou separa? - o Brasil e Portugal. Quem teimar em encarar este país com o olhar peregrino do portuga, e não perceber a ambiguidade de sentimentos que o brasileiro nutre para connosco, arrisca-se a cometer grossa asneira e a nada entender desta terra e desta gente.
Na verdade, nada mais ilusório do que partir do princípio de que a matriz lusíada, por si só, será suficiente para preservar os laços da tão apregoada comunidade luso-brasileira.
[...]
O embaixador limitou-se a ouvir-me e apenas citou, como prova do contrário, dois exemplos: o caso do Estado de São Paulo2 e a proliferação de clubes Eça de Queirós disseminados por todo o Brasil. «Veja só o imenso capital de simpatia que isso representa para connosco se o soubermos aproveitar com um mínimo de inteligência.»
Levantou-se — já não sei que horas eram... e quantos cafés havíamos ingurgitado — e com um sorriso paternal, pousando-me a mão no ombro: «Deixe lá, homem, não se preocupe, não seja tão pessimista, ainda há por aí muito caturra que gosta de nós.»
Marcello Duarte Mathias
© D. Quixote 2010
1.Carlos Castelo Branco, mais conhecido por Castelinho, ao tempo influente editorialista do Jornal do Brasil.
2. Nessa altura, o Estado de São Paulo um dos jornais mais prestigiados, inseria em substituição das partes censuradas, consoante a maior ou menor extensão das mesmas, extractos de Os Lusíadas, assinalando assim os cortes de que era objecto.
Foto: Francisco Silva Fernandes
La puerta se abre a todos,
enfermos y sanos
no sólo a católicos,
sino aun a paganos, a judíos, herejes,
ociosos y vanos;
y más brevemente, a buenos y profanos.
Poema del siglo XIII
On peut se croiser, mais on n'habite plus dans le même monde que les automobilistes. Pendant qu'on tournicote sans fin sur nos sentiers, de village en village, ils foncent tout droit d'une ville à l'autre. Si j'avais voulu ne pas me perdre et gagner du temps, j'aurais pu aussi longer les routes nationales. Il y en a toujours une pas loin, les panneaux sont sans mystère, cela va plus vite et c'est plus court. Mais le raccourci se paye cher: on s'explose les articulations et les pieds à marcher sur la chaussée, on respire le parfum des pots d'échappement, et l'on passe à côté de l'essentiel. Des lieux et des gens. Le chemin n'est pas fait pour aller vite d'un point A à un point B, il est fait pour se perdre, et perdre du temps. Ou prendre son temps, si l'on veut. Retrouver un monde à taille humaine et ses humains habitants. Ses animaux et ses végétaux. Chaque nouvelle erreur est une nouvelle rencontre, chaque pas sur un sentier en creuse davantage l'existence sur la croûte terrestre, et l'on zigzague autour de la modernité à quatre kilomètres à l'heure. A la vitesse (si l'on peut dire!) du pas humain. Dans un autre espace-temps.
Le chemin nous fait vivre dans un monde parallèle. A la fois tout près des villes, et au milieu de nulle part. Un monde de petits sentiers et de hameaux qui festonne les grandes routes. Un monde de maisons d'hôtes et de gîtes ruraux, où évolue aussi une population parallèle, qui a plaisir à être là où elle est. A vous montrer combien c'est beau chez elle. Et qu'il n'y a rien de meilleur que sa cuisine... Car si le chemin ne pousse pas au mysticisme, il ne passe pas davantage par l'ascèse, Dieu merci! Jésus a commencé sa carrière miraculeuse en changeant l'eau en vin aux noces de Cana. Et non seulement sa mère était là, mais c'est elle qui l'y a poussé... L'avantage parfois douloureux de redécouvrir la faim et la soif donne aussi l'occasion de se mettre à table chaque fois avec grand appétit, et sans aucun souci de régime : un vrai miracle!
Alix de Saint-André
in En avant, route!
©Éditions Gallimard, 2010
O partido exigia não apenas todo o nosso tempo, como sentia que a nossa entrega só era total se também puséssemos à sua disposição os nossos bens. «É forçoso dizer que grande numero de camaradas (...) procuram modos de vida cómodos; estabelecem por vezes para a sua vida privada padrões de existência abastada e não se importam, nalguns casos, de esbanjar dinheiro inutilmente», escrevia-se numa resolução do comité central. Pior, pecado maior: «alguns camaradas não prescindem e até esperam ansiosamente as férias, não se preocupando com o cumprimento das suas tarefas partidárias e revolucionárias» algo inaceitável, pois «a luta de classes e a revolução jamais poderão ir de férias». A simples ideia de ter férias tinha assim «natureza burguesa e não proletária» e o seu efeito seria semelhante «ao causado pela introdução de droga, ou pela corrupção moral num exército em guerra». Era pois necessário ser muito rigoroso, em nome da «robustez revolucionária», com coisas como «as esquisitices com a comida e com o dormir» ou o «vício de viajar comodamente». Tudo porque «ser comunista não é só um comprometimento, é, antes e acima de tudo, uma transformação real e constante». Ser comunista também implicava «montar a sua vida de acordo com os interesses do Partido e da Revolução», subordinar «incondicionalmente os interesses individuais aos superiores interesses do Partido» de forma a realizar a «condição de fiel servidor do povo pobre». Ser comunista é «sê-lo em todos os momentos, em todas as tarefas e para a vida inteira». Por isso, «o egoísmo pessoal, a vida privada, o tempo livre, o aconchego familiar são umas vezes obstáculos, outras vezes desculpas para não se dar ao partido aquilo de que precisa».
Exigia-se assim uma espécie de renúncia absoluta ao mundo exterior, uma renúncia que não era imposta pelas condições concretas da luta política — em ditadura, quando era necessário passar à clandestinidade para fugir à perseguição da polícia, a renúncia à vida normal era inevitável —, mas por opção tomada para a vida. Entretanto, reforçavam-se os mecanismos destinados a impor o «centralismo democrático» com um objectivo que seria assumido por alturas do II Congresso, em 1977: «conseguir a homogeneização das ideias e práticas proletário-revolucionárias, marxistas-leninistas», e «romper com resistências que subsistem na aplicação da linha táctica». Ou seja, para uniformizar o pensamento dos militantes, calando todas as vozes internas dissonantes.
*
Ainda hoje, quando olho para a forma muitas vezes arrogante como a esquerda jacobina olha para todos os demais, quando sinto como no debate público todos os que não se filiam, de uma maneira ou doutra, na tradição estatista e dirigista da esquerda sofrem uma espécie de capitis deminutio por, supostamente, não se preocuparem também com o bem da sociedade, recordo a lógica mistificadora da "superioridade moral".
José Manuel Fernandes
in Era uma vez...a revolução
© 2012 José Manuel Fernandes e Alêtheia Edições
[...] Naquele tempo, as crianças como eu não recebiam os presentes na noite da véspera. Os adultos escondiam cuidadosamente da nossa vista o que tinham comprado em nome do Menino Jesus (Pai Natal não existia ainda). Deitavam-nos, prevenindo que noite, muito noite, o Menino desceria pela chaminé da lareira da sala, para pôr as prendas nos sapatinhos que lá tínhamos deixado, antes de ir para a cama. Só as podíamos ver de manhã. E — não fosse o diabo tecê-las — avisavam-nos que ai de nós se quiséssemos entrar lá, antes de eles lá nos levarem, de manhã e nunca muito de manhãzinha, pois que pais deitam-se tarde e não se levantam cedo.
Pela calada da nossa noite, enfeitavam a sala e distribuíam por oito sapatos (éramos quatro, nessa altura) as compras do Menino. Depois, a casa levantava a âncora para a travessia da noite, como me lembro de ter lido em Gide.
Mas a excitação fazia-me (fazia-nos) acordar muito cedo. Logo que via o Outão diante de mim, percebia que a hora era próxima. Os minutos pareciam horas. Sombreados e luzeiros fixavam-se — como numa pintura — e não os via moverem-se. Se o Menino não tivesse vindo? Se não acontecesse nada? Terrível era a tentação de me levantar e ir espreitar, mas o medo da desobediência e do tabu, tolhia-me. Houvesse uma Eurídice por perto, não sei se teria resistido. Mas, como já disse, não havia.
Até que a porta se abria e me chamavam, com inconfundível alegria. Na sala, rompíamos os quatro ao mesmo tempo e, por mais esperado que fosse, o milagre era, de ano em ano, maior. Tudo aquilo, tudo aquilo só para mim. E era tão forte que um ano houve em que perguntei à minha Mãe como é que havia gente que não acreditava em Deus. A prova, irrefutável, era aquele maná caído do céu nos meus sapatos, coincidindo quase exactamente com tudo quanto eu tinha pedido.
Depois, muito depois, chegou o tempo de eu fazer de Menino Jesus para os meus filhos e depois, muito depois, o tempo de. obrigado pelo tempo deles, fazer de Pai Natal para os meus netos. Mas sempre que vejo as crianças precipitarem-se para o monte de embrulhos, maravilhosos e maravilhados, repete-se-me a antiquíssima questão e a antiquíssima certeza. A manhã de Natal de outrora, a noite de Natal de hoje é a prova da existência de Deus.
A mais absurda das provas? Obviamente, não vou argumentar. Mas já me apeteceria discutir se será mais absurda que as chamadas «provas racionais», nomeadamente as do santo de Aquino. Sosseguem que não vou por aí.
Apetece-me continuar em registo mágico, que é o registo destes musgos e destes presépios, destas palhinhas e destes reis. Sophia contou-me (Os Três Reis do Oriente) que Gaspar. Belchior e Baltazar viram a estrela que «mostrava a alegria, a alegria una, sem falha, o vestido sem costura da alegria, a substância imortal da alegria». E reconheceram-na logo «porque ela não podia ser de outra maneira». Quem reconhece a alegria das crianças, como quem vê a «carne do sofrimento, o rosto da humilhação, o olhar da paciência», não pode reconhecer estas coisas sem Te ver. «Como poderei suportar o que vi se não te vir?». É o oposto e é o mesmo.[...]
João Bénard da Costa
In Crónicas: Imagens Proféticas e Outras, 1º volume pp.386-387
[crónica Uma frincha na janela, 26-12-2003]
© Assírio & Alvim
Ce qui longtemps m'a surtout frappé dans une vie, c'est le divertissement, tel que Pascal l'a défini: ce que nous inventons pour ne pas penser à nous-même et à l'horreur de notre condition, depuis la balle qui se pousse du pied jusqu'au lièvre que nous forçons, depuis les peuples qu'il faut asservir, si nous sommes César, jusqu'aux êtres qu'il faut posséder, si nous sommes Don Juan.
Aujourd'hui, ayant observé tant de destins, à travers les confidences et les livres, ou parce que j'y suis moi-même intervenu, je vois mieux que beaucoup parmi nous ne se divertissent que pour donner le change, qu'ils gardent au contraire les yeux sans cesse ouverts sur leur sort, celui de toute créature qui, même comblée, est menacée de partout à la fois: dans sa chair où la mort, bien longtemps avant de frapper, a planté ses petits drapeaux, dans son appartenance à une espèce très proche de celle des poissons et qui s'entre-dévore, « s'entre-torture » — et non pas seulement, comme dans les autres espèces, autour des femelles ou parce que l'animal est carnassier et a faim, mais parce qu'il est né assassin et bourreau de ses frères.
Non, pour la plupart, nous ne cherchons pas à nous divertir, nous nous interdisons de détourner notre regard, même quand nous feignons de jouer. Un seul moment d'inattention et la bête féroce peut d'un bond être sur nous.
Je connais mes défenses. Il m'arrive de m'interroger sur celles des autres — celles des vieillards surtout. La jeunesse trouve son refuge dans son propre tumulte. L'amour, l'ambition, ce qui s'appelle le plaisir, y entretiennent des remous qui se détruisent l'un l'autre. Non que l'angoisse ne soit là déjà. Elle était là dès l'enfance: nos yeux grands ouverts dans la chambre sans lumière, lorsqu'il nous semblait entendre un pas furtif dans l'escalier, une respiration derrière la porte, exprimaient sans doute le même effroi que nous avons appris plus tard à dissimuler, que nous avons dominé mais non détruit. Ou plutôt ce qui n'était qu'instinct est devenu raison. Les pas dans l'escalier, c'est en nous-mêmes que nous avons appris à les entendre et non dans un seul escalier: combien débouchent de partout sur une seule vie ! Il en est qui montent des profondeurs de la race et de notre propre chair, et d'autres d'une créature aimée. La condition humaine, ce titre de Malraux, pose l'unique question et il y faut répondre, non par une nécessité logique, mais pour notre propre défense. Comment font les autres? Qu'y a-t-il au secret de ces vies?
François Mauriac
in Mémoires intérieurs
© Flammarion, 1959
27 May 1977 -French writers Bernard-Henri Lévy and André Glucksmann
converse on the set of the television show Apostrophes
Photo: © Sophie Bassouls/Sygma/Corbis
J'ai, pour commencer, été qualifié de philosophe à mon corps défendant. J'avais certes parcouru la succession d'examens et de concours qui vous sacrent professeur de ladite discipline. Je n'estimais pas que les palmes du « philosophe » pussent pour autant être déposées sur mon front. Je croyais que les détenteurs de ce titre prestigieux se comptaient sur les doigts de la main : Platon, Aristote, Descartes, Kant, Hegel. Peut-être Heidegger l'avait-il mérité du temps de sa jeunesse mais il compromit son titre en appelant étudiants et collègues à suivre le Führer. Pis encore, chacun ayant droit à l'erreur, il avait, après la capitulation du Reich, tenté, trente longues années, comme un gros chat, d'enterrer ses déjections dans le sable de sa théorie. Du moins me semble-t-il après lecture attentive. Passons.
Si, jeune homme, je plaçais la barre de la « grande philosophie » très haut, trop haut pour moi, mes contemporains au contraire la situaient très bas, plus bas que terre, car la prétention à la «sagesse» était passée de mode. Ils se voulaient alors savants et objectifs; ils s'affichaient sociologues, structuralistes, linguistes, économistes, dépositaires de savoirs plutôt qu'animés du désir de savoir. Le marxisme-léninisme, version École normale supérieure, régnait. Le vent tourna, dans les années 75-80, quand beaucoup de mes semblables se mirent à signer «psychanalyste et philosophe», «mathématicien et philosophe», biologiste et... historien et... écrivain et philosophe. La 2 CV Citroën se vit sacrer dans les gazettes «voiture philosophique». Que s'était-il passé? En déboulonnant les idoles du marxisme hégémonique dans l'intelligentsia parisienne, peut-être ai-je contribué à ce renversement. Lorsque de bonnes plumes rejoignirent mes blasphèmes, Bernard-Henri Lévy et les médias baptisèrent un peu abruptement cette cohorte provisoire et volatile «nouvelle philosophie». Si la science du matérialisme historique pliait sous les coups, force était de conclure que la volée de bois vert administrée, au nom de la philosophie, sur les adeptes de la dictature du prolétariat n'était pas aussi frivole qu'on aimait à le dire.
Je ne laissai pas d'être surpris du retentissement de mon essai intitulé La Cuisinière et le Mangeur d'hommes sous-titré insolemment : «Essai sur le marxisme, l'Etat et les camps de concentration». Le voisinage des termes sonna comme un coup de carabine dans un ciel serein. Mon éditeur avait laissé dormir le manuscrit dans son tiroir pendant plus de six mois, anticipant la diffusion médiocre d'un texte qui heurtait ses convictions de gauche. Sorti le 15 juillet 1975, sans intervention télé, un seul passage radio sur Europe dans la folie des départs en vacances, mais soutenu par un bouche-à-oreille flatteur et imprévu, porté par quelques articles spontanés et enthousiastes de gens que je ne connaissais pas ou mal (1) , il tourna très vite au best-seller.
Des dizaines de milliers d'exemplaires s'arrachèrent dans les librairies et s'échangeaient sur les plages. C'était drôle, curieux, inattendu. J'avais écrit dans l'isolement le plus extrême, sans souci du public, juste pour exprimer la rage et le désir que je partageais avec quelques amis de «ne pas mourir idiot». Le brûlot véhiculait une révolte à fleur de peau contre le plus grand mensonge du siècle : le communisme. Il était rédigé par quelqu'un qui y avait goûté dans son enfance et que le Tout-Paris estimait «de gauche». Je jouissais d'une «bonne réputation». ...
André Glucksmann
in Une rage d'enfant
[Chapitre 8. A quoi sert la philosophie ? * pp. 172-174]
Hachette Littératures
© Plon, 2006
1. Remerciements à Maurice Clavel, Jean Daniel et Bernard-Henry Lévy.
* Où il est suggéré que se connaître soi-même, c'est connaître Typhon en nous. D'où l'utilité des infos de 20 heures et l'examen des liaisons dangereuses: Freud et Junon, Alcibiade et Socrate, le prince Potemkine et le neveu de Rameau, Poutine et moi.
Paris, Mai 1968:
Photo: © Serge Hambourg
[...] Depuis trois jours, les étudiants parisiens manifestent violemment. Le jour, ils entreprennent de dépaver le boulevard Saint-Michel. La nuit, ils font la fête. Puisque la police occupe la Sorbonne, Daniel Cohn-Bendit tient salon sur la place, un millier d'étudiants l'entourent, assis sagement en tailleur sur le basalte, disposés à résister si les forces de l'ordre tentent de nettoyer les lieux. Un sondage conforte leur optimisme, paru dans la presse du matin: la population de Paris trouve les protestataires plutôt sympathiques, quoi que dise le gouvernement, malgré le boss du parti communiste qui dénonce «l'anarchiste allemand » fauteur de troubles, donc le complot de l'étranger et la CIA.
Le «rouquin sublime» tient le mégaphone lorsqu'un vieil homme très digne, très droit, une cape noire jetée élégamment sur l'épaule, fend la foule. Il vient, dit-il, «saluer» les révoltés. Il tient à désavouer publiquement son parti. Mazette! Une gloire nationale s'avance. Son nom circule comme une traînée de poudre, «Aragon!». Les étudiants sont médusés, « le » poète de la Résistance française, l'étoile du surréalisme et l'ancien porte-drapeau des intellectuels staliniens a sauté le pas. Il sourit à la foule, salue, prononce quelques paroles bienveillantes et, tel un dieu vivant, savoure par avance l'ovation.
Dany interrompt le début de messe, reprend sans ménagement le mégaphone, et, avec la gouaille qui lui colle à la peau, lance au grand écrivain stupéfait « Très bien! tu es avec nous, mais, avant que nous ne soyons avec toi, réponds de ton passé ! Tu as chanté "Hourrah l'Oural" quand des millions et des millions de Soviétiques étaient déportés, exterminés par le NKVD. Explique tes élégies à la gloire de Staline ! Tu n'as pas le droit de tromper à nouveau.» Et le jeune «mal élevé», qui eût tant plu à l'Aragon surréaliste, enchaîne sans pitié : «Aragon! tu as du sang sur tes cheveux blancs.» Le prince des poètes, livide, s'est figé. Pas un son ne sort de sa bouche, une grimace vient tordre son beau visage. Il tourne les talons et repart penaud. Courbé sous le poids de ses mensonges? La magie de l'insolence venait d'assener une belle leçon d'histoire. De celles qui permettent de comprendre, trente-cinq ans après, la jeunesse orange d'Ukraine et les roses de Géorgie. De quoi moins s'étonner quand Tbilissi ovationne Bush contre Poutine.
Ne voyez pas là un négligeable incident de parcours. L'originalité et l'éclat du Mai français tenaient à sa rupture, encore balbutiante et souvent inconsciente, avec l'idéologie communiste. Ailleurs, en Europe, il en allait tout autrement.[...]
André Glucksmann
in Une rage d'enfant
[Chapitre 6. La tentation de Combray * pp.130,131]
Hachette Littératures
© Plon, 2006
* Où l'on rencontre Mai 68, Jean-Paul Sartre et Tante Léonie. Qui donne congé à l'Histoire touche à une éternité pas belle à voir. Comment en soixante ans, Paris a zappé du discours de la victoire au discours de la défaite. Dans une Europe degré zéro, les guerres des mémoires tiennent lieu d'aphrodisiaque.
Image: Student leader Daniel Cohn-Bendit raises his arm for silence to allow poet Louis Aragon to talk to students on a megaphone.Courtesy of Serge Hambourg ici
Après 1948, pendant les années de la révolution communiste dans mon pays natal, j'ai compris le rôle éminent que joue l'aveuglement lyrique au temps de la Terreur qui, pour moi, était l'époque où «le poète régnait avec le bourreau» (La vie est ailleurs). J'ai pensé alors à Maïakovski; pour la révolution russe, son génie avait été aussi indispensable que la police de Dzerjinski. Lyrisme, lyrisation, discours lyrique, enthousiasme lyrique font partie intégrante de ce qu'on appelle le monde totalitaire; ce monde, ce n'est pas le goulag, c'est le goulag dont les murs extérieurs sont tapissés de vers et devant lesquels on danse.
Plus que la Terreur, la lyrisation de la Terreur fut pour moi un traumatisme. À jamais, j'ai été vacciné contre toutes les tentations lyriques. La seule chose que je désirais alors profondément, avidement, c'était un regard lucide et désabusé. Je l'ai trouvé enfin dans l'art du roman. C'est pourquoi être romancier fut pour moi plus que pratiquer un «genre littéraire» parmi d'autres; ce fut une attitude, une sagesse, une position; une position excluant toute identification à une politique, à une religion, à une idéologie, à une morale, à une collectivité; une non-identification consciente, opiniâtre, enragée, conçue non pas comme évasion ou passivité, mais comme résistance, défi, révolte. J'ai fini par avoir ces dialogues étranges: «Vous êtes communiste, monsieur Kundera ? — Non, je suis romancier.» «Vous êtes dissident? — Non, je suis romancier. » «Vous êtes de gauche ou de droite? — Ni l'un ni l'autre. Je suis romancier. »
Dès ma première jeunesse, j'ai été amoureux de l'art moderne, de sa peinture, de sa musique, de sa poésie. Mais l'art moderne était marqué par son «esprit lyrique», par ses illusions de progrès, par son idéologie de la double révolution, esthétique et politique, et tout cela, peu à peu, je le pris en grippe. Mon scepticisme à l'égard de l'esprit d'avant-garde ne pouvait pourtant rien changer à mon amour pour les œuvres d'art moderne. Je les aimais et je les aimais d'autant plus qu'elles étaient les premières victimes de la persécution stalinienne; Cenek, de La Plaisanterie, fut envoyé dans un régiment disciplinaire parce qu'il aimait la peinture cubiste; c'était ainsi, alors: la Révolution avait décidé que l'art moderne était son ennemi idéologique numéro un même si les pauvres modernistes ne désiraient que la chanter et la célébrer ; je n'oublierai jamais Konstantin Biebl : un poète exquis (ah, combien j'ai connu de ses vers par cœur!) qui, communiste enthousiaste, s'est mis, après 1948, à écrire de la poésie de propagande d'une médiocrité aussi consternante que déchirante; un peu plus tard, il se jeta d'une fenêtre sur le pavé de Prague et se tua; dans sa personne subtile, j'ai vu l'art moderne trompé, cocufié, martyrisé, assassiné, suicidé.
Ma fidélité à l'art moderne était donc aussi passionnelle que mon attachement à l'antilyrisme du roman. Les valeurs poétiques chères à Breton, chères à tout l'art moderne (intensité, densité, imagination délivrée, mépris pour «les moments nuls de la vie»), je les ai cherchées exclusivement sur le territoire romanesque désenchanté. Mais elles m'importaient d'autant plus. Ce qui explique, peut-être, pourquoi j'ai été particulièrement allergique à cette sorte d'ennui qui irritait Debussy lorsqu'il écoutait des symphonies de Brahms ou de Tchaïkovski; allergique au bruissement des laborieuses araignées. Ce qui explique, peut-être, pourquoi je suis resté longtemps sourd à l'art de Balzac et pourquoi le romancier que j'ai particulièrement adoré fut Rabelais.
Milan Kundera
in Les testaments trahis
[sixième partie Oeuvres et Araignées [# 7, pp. 185-187]
© Milan Kundera / Editions Gallimard 1993
FIDÈLE À RABELAIS
ET AUX SURRÉALISTES
QUI FOUILLAIENT LES RÊVES
Je feuillette le livre de Danilo Kis, son vieux livre de réflexions, et j'ai l'impression de me retrouver dans un bistro près du Trocadéro, assis en face de lui qui me parle de sa voix forte et rude comme s'il m'engueulait. De tous les grands écrivains de sa génération, français ou étrangers, qui dans les années quatre-vingt habitaient Paris, il était le plus invisible. La déesse appelée Actualité n'avait aucune raison de braquer ses lumières sur lui. «Je ne suis pas un dissident», écrit-il. Il n'était même pas un émigré. Il voyageait librement entre Belgrade et Paris. Il n'était qu'un «écrivain bâtard venu du monde englouti de l'Europe centrale». Quoique englouti, ce monde avait été, pendant la vie de Danilo (mort en 1989), la condensation du drame européen. La Yougoslavie: une longue guerre sanglante (et victorieuse) contre les nazis; l'Holocauste qui assassinait surtout les Juifs de l'Europe centrale (parmi eux, son père); la révolution communiste, immédiatement suivie par la rupture dramatique (elle aussi victorieuse) avec Staline et le stalinisme. Si marqué qu'il ait été par ce drame historique, il n'a jamais sacrifié ses romans à la politique. Ainsi a-t-il pu saisir le plus déchirant: les destins oubliés dès leur naissance; les tragédies privées de cordes vocales. Il était d'accord avec les idées d'Orwell, mais comment aurait-il pu aimer 1984, le roman où ce pourfendeur du totalitarisme a réduit la vie humaine à sa seule dimension politique exactement comme le faisaient tous les Mao du monde? Contre cet aplatissement de l'existence, il appelait au secours Rabelais, ses drôleries, les surréalistes qui «fouillaient l'inconscient, les rêves». Je feuillette son vieux livre et j'entends sa voix forte et rude: «Malheureusement, ce ton majeur de la littérature française qui a commencé avec Villon a disparu.» Dès qu'il l'eut compris, il a été encore plus fidèle à Rabelais, aux surréalistes qui «fouillaient les rêves» et à la Yougoslavie qui, les yeux bandés, avançait déjà, elle aussi, vers la disparition.
Milan Kundera
in Une rencontre* p.160-161
© Milan Kundera 2009 - Éditions Gallimard 2009
* ... rencontre de mes reflexions et de mes souvenirs; de mes vieux thèmes (existentiels et esthétiques) et mes vieux amours (Rabelais, Janacek, Fellini, Malaparte...)...
Mais sobre este livro aqui
Mais sobre Danilo Kis aqui