Quarta-feira, 8 de Maio de 2019

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

Waterloo 1Batalha de Waterloo

 

 

José Cutileiro

 

Viagem na minha terra

 

 

Nota introdutória  Este título ignora que a Vera tem relação especial com os escritos do autor de Frei Luís de Sousa. Desencantou em casa manuscritos dele que acrescentam ao espólio do homem que inventou o português que nós falamos. Sem Garrett antes, Eça não poderia ter encantado tanto tantos de nós  nem haveria porventura, no pior dos casos, passado do janota do Porto que o meu chorado amigo Carlos Leal insistia erradamente em desprezar nele. Vá lá saber-se. Por mim devo confessar que Camilo (Castelo Branco) – é com ele que a comparação era feita em serões de província, alguns ainda iluminados a petróleo – me fascina às vezes – o fim de A Sorte em Preto, por exemplo, é uma pequena joia – mas que, na maior parte das vezes, me aborrece. Garrett e depois dele, mais ainda, Eça, purificaram o dialecto da tribo, expressão de Mallarmé que T. S. Eliot tirou do esquecimento ao metê-la na língua franca dos nossos dias. Entretanto, deste lado do mar não tivemos James Joyce, Marcel Proust ou Graciliano Ramos. O Zé Cardoso Pires foi o que mais perto dessa limpeza   andou, sobretudo em Lisboa livro de bordo.

 

Adiante. Estou sentado com a Myriam, que empurrara a cadeira de rodas pela manga abaixo, na segunda fila. As cadeiras são as mesmas e são poucochinho – no Alvar Aalto here – bengaleiros para casacos há muito desapareceram, viajamos assim como que em versão formicada e voadora de antiga camioneta para Sintra da Eduardo Jorge. Faltam bilhas de água de Caneças que dariam toque ecológico, sempre benvindo por estrangeiros mais ricos do que nós. Por outro lado, com louvável empenho cultural e alguma consciência do país que servem – não esquecer que o dia nacional de Portugal é o dia da morte do nosso maior poeta (e não, como acontece com outros, o de uma batalha ganha ou perdida ou, pior ainda, o da tomada sangrenta, por multidão armada, de cadeia para fidalgos tarados) – os dirigentes da TAP dão a cada um dos seus grandes aviões de passageiros o nome de uma ou um grande artista português, julgo que quase sempre das letras, e ontem calhou-me um chamado José Saramago. Infelizmente, porém, eu não gostava do homem nem gosto dos escritos dele.

 

Parado com as rodas quietas e firmes no plancher des vaches, como diria médico sábio meu amigo, o avião ia deixando entrar pessoas, muitas desejosas do sol de Portugal (que não haveria desta vez). Um homem mais bem vestido do que os outros, de barba cuidada, riu-se para nós e parou de pé contra a fila da frente. Era o Bernardo, irmão da Vera, vindo de reunião europeia, onde os participantes agora, com ingleses nem cá nem lá e eurocépticos à frente das sondagens eleitorais se sentem como Fabrice em Waterloo, sem perceberem como está a correr a batalha.

 

Quando todos se sentaram vi que o Bernardo, na fila atrás da nossa, ia já em economia. Eu julgara que se tivesse acabado com essa pelintrice do tempo de Passos Coelho mas não: alinhar por baixo continua a ser a regra. Coitado do país.

 

 

 

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Quarta-feira, 27 de Dezembro de 2017

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

 

Reis Magos Marva

Cartão de Boas Festas (1965)

desenhado por Vasco Luís Futscher Pereira (1922-1984) e vendido nas Papelarias Progresso e da Moda.

 

 

 

 

José Cutileiro

 

Ano Novo Feliz

 

 

 

Se, como acontecia quando fui viver para Inglaterra, o jornal The Times de Londres ainda tivesse a sua primeira página só com anúncios postos pelos leitores para vender fosse o que fosse, comprar fosse o que fosse, oferecer empregos, pedir empregos, anunciar acontecimentos privados, procurar notícias pessoais, dar notícias pessoais, eu teria há semanas posto nela a comunicação seguinte: “Mr. and Mrs. José Cutileiro [ou talvez Mr. José Cutileiro and Ms. Myriam Sochacki] of Rue Darwin, Brussels, wil not be sending Christmas cards this year” de maneira a que quem desse pela falta dos ditos cartões de Boas Festas no que carteiro lhe houvesse deixado durante a Quadra não julgasse que nos tinha acontecido qualquer coisa inibitória – morte, grava doença súbita, divórcio, fuga – e ficasse indevidamente preocupado com isso ou que nos tínhamos pura e simplesmente esquecido deles (ou decidido deliberadamente ignorá-los).

 

É a primeira vez que não mando cartões de Boas Festas mas o mundo já não é tão simples quanto era entre 1963, quando fui viver para Oxford e 1977, quando deixei definitivamente de viver em Londres. Logo em 1966 o Times - último jornal a fazê-lo, aguentando-se sozinho durante décadas - deixou de ter a sua primeira página dedicada a anúncios pessoais e passou, como os outros jornais do mundo inteiro, a pôr nela o que, em cada dia, pareça ter mais importância urbi et orbi. Alguns anos depois apareceu a internet que mudou os hábitos de comunicação letrada das pessoas. Antes de tudo isso, no começo do século XX quando o uso do telefone fixo não estava ainda disseminado, chegara a haver em Londres quatro distribuições de correio por dia – nessa altura namorados houve que se escreveram e responderam duas vezes, diariamente, durante as passagens mais intensas dos seus amores. O telégrafo fizera a primeira mossa, mas pequena. O telefone, quando se tornou corrente, fora mais grave. Mas os estragos causados pela internet são incomparavelmente maiores e em todos os países europeus se assiste à derrocada dos correios, sendo as suas instalações convertidas para outros fins. (Em Portugal, em meados do século XIX, a extinção das ordens religiosas libertou imenso casario, rapidamente ocupado pela introdução do serviço militar obrigatório. Nada se perde e nada se cria).

 

Juntamente com mudanças técnicas houve mudanças nas almas: na Europa há menos cristãos praticantes do que havia. Mas continuam a contar-se muitos adeptos fervorosos dos festejos de Natal, até entre ateus. Os cartões de Boas Festas, em cartolina mesmo (não imitações, às vezes com música, confinadas a écrans de televisão, fora do ambiente de uma casa) alinhando-se em lintéis de lareiras e diante de livros nas estantes, são ainda hoje parte indispensável da decoração. Mas certezas antigas acabaram: quem só receba meia dúzia de cartões, como se desembaraçará?

 

Comecei a escrever para desejar Bom Ano à leitora e acabo decidido a tornar a mandar cartões em 2018.

 

 

 

 

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Sábado, 23 de Dezembro de 2017

Bom Natal

 

 

Presépio Marva 2

 

Cartão de Boas Festas (1965)

desenhado por Vasco Luís Futscher Pereira (1922-1984) e vendido nas Papelarias Progresso e da Moda.

 

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Sábado, 24 de Junho de 2017

Papelaria da Moda / Parker

 

 

Montras c. 1960 

Montra-1

O tesouro!... 

 

Montra 3

A mensagem 

 

Montra 2

Páscoa Feliz

 

 

 

montra 4

 

Para onde for leve sempre consigo a sua PARKER

 

 

 

Papelaria da Moda papel

 

Mais sobre as Papelarias Progresso e da Moda AQUI  e AQUI 

 

 

 

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Domingo, 18 de Dezembro de 2016

brinquedos portugueses

 

 

Olavo 1.jpg

 

 

Em tempos, quando o Menino Jesus, ou tu, faziam anos, a família e os amigos da casa ofereciam-te objectos desconcertantes e inúteis, chamados brinquedos. Tu, está claro, ficavas muito contente com os presentes, por virem embrulhados em papéis vistosos, por constituírem uma novidade, aliás provisória (lamentável defeito da novidade!) mas principalmente por ser costume ficarmos contentes quando alguém nos oferece qualquer coisa. Na verdade, ou seja, no dia seguinte (a verdade só é completa no dia seguinte), verificavas que os tais brinquedos não correspondiam às tuas secretas ambições. Ah! O dia seguinte do brinquedo! Como é rápida a decadência do brinquedo, uma vez arrancado ao arranjo da montra da loja, onde brilhou, rodeado por outros brinquedos, valorizado por luzes hipócritas! Os brinquedos deviam ficar eternamente na suas caixas bonitas, ou penduradas nos tectos dos estabelecimentos para serem apontados pelos dedos indicadores dos meninos. É raro um brinquedo corresponder à imaginação da criança que o recebe. Deves lembrar-te de que, por volta dos teus seis anos, não achavas graça nenhuma a um boneco, por mais bonito que ele fosse. Eu, pelo menos, não achava. O que eu queria era um martelo verdadeiro para pregar pregos verdadeiros onde me apetecesse. A lei natural dos contrastes convida as crianças a desejarem ser adultas. Por exemplo: um cavalo vivo, com arreios de “cow-boy”, é artigo muito querido de todos os meninos. Pistolas autênticas, das que dão tiros homicidas, bicicletas de duas rodas, serrotes, etc., são objectos apreciadíssimos pela infância, que também aceita, resignadamente, as respectivas imitações, de lata, de três rodas, e sem dentes.

 

 

 

Olavo 2.jpg

 

 

 

Tenho um amigo um bocado parecido comigo nestes assuntos de educação infantil. Tem dois filhos a quem tudo permite e a quem gostaria de realizar todos os sonhos. Há tempo, um dos pequenos pediu-lhe um serrote com dentes afiados, e o pai fez-lhe a vontade. O serrote marcou época em casa do meu amigo. Vários móveis de estimação foram serrados pelo garoto que, trocadilho aparte, tem «bicho carpinteiro». O pai do serrador desgostou-se com a proeza do filho e julgo que lhe tirou o serrote. Mas teve desgosto quando lhe tirou o serrote. Disse-me, confidencialmente, que nunca mais o seu querido filho teria um brinquedo que lhe desse satisfação comparável à daquele serrote verdadeiro. «Resta saber — concluiu — se é melhor evitar a perda de móveis insubstituíveis ou a perda duma partícula da alegria de viver do meu filho». Mas, repito, não ê possível apertar em tão poucas linhas a extensa filosofia do brinquedo.

 

 

 

Olavo 3.jpg

 

 

[...] As crianças portuguesas já trazem de longe, quando nascem, uma indisciplina, uma desordem que não lhes consente manusear dinamite sem perigo de explosões. Logo, não as podemos presentear, aos dez anos, como acontece aos meninos alemães, com espingardas de tiro rápido, nem com cavalos de carne e osso, como é uso conceder às crianças inglesas. Sejamos prudentes com os nossos filhos, deliciosamente meridionais, imaginativos e bravos! Fabriquemos, para eles, alguns brinquedos mansos e já consagrados, mas tanto quanto possível aportuguesados.

 

 Olavo d’Eça Leal

in Revista Panorama, número 12, ano 2º, 1942

 

 

 

 

Olavo-dEa-Leal10.jpg

 

Olavo d’Eça Leal (1908-1976) pertenceu à geração de intelectuais e artistas portugueses que colaboraram na revista Contemporânea e no Salão dos Independentes. Escritor e célebre radialista da Emissora Nacional, a sua obra inclui o teatro, a poesia, as artes plásticas, a ficção e a literatura infantil. Escreveu e produziu dezenas de peças para a rádio e televisão, foi jornalista, ilustrador, e coleccionador ecléctico.

 

Em 1939 publica um livro para crianças, Iratan e Iracema, os Meninos mais Malcriados do Mundo, com ilustrações de Paulo Ferreira, que recebe o prémio Maria Amália Vaz de Carvalho. Esta história ao jeito de folhetim radiofónico infantil foi lida pelo autor aos microfones da Emissora Nacional no programa "Meia Hora de Recreio" em trinta e oito fragmentos. Em 1943 é editada a sua História de Portugal para os Meninos Preguiçosos (1943) ilustrada por Manuel Lapa.

 

Desenhos, pinturas, livros e objectos de Olavo d’Eça Leal reunidos ao longo dos últimos quarenta anos pelo seu filho Tomaz encontram-se expostos na Casa da Pinheira [The House of the She-Pine Tree] - Casa-Museu e Guest House situada numa antiga quinta do século XIX próximo da aldeia do Sabugo.

 

 

 

 

 

Agradecimentos: Tomaz d’Eça Leal, Casa da Pinheira , Hemeroteca DigitalAlmanak Silva, Restos de Colecção, JuvenilbaseWikipedia

    

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Segunda-feira, 29 de Agosto de 2016

Designers Portugueses

 

Designers Portugueses.jpg

 

na loja do Público aqui 

 

 

Mais uma óptima colecção a preço acessível sobre a história do design em Portugal. A descobrir.

 

Colecção Designers Portugueses, constituída por 13 volumes, coordenada por José Bártolo, retrata a vida e obra de 13 grandes designers. 


COLECÇÃO DESIGNERS PORTUGUESES

Coordenação de José Bártolo

© 2016 Cardume Editores e Autores

 

 

1 João Machado  

2 Daciano da Costa

3 Sebastião Rodrigues  

4 João Abel Manta 

5 José Brandão  

6 Pedro Silva Dias 

7 Jorge Silva  

8 José Albergaria  

9 João Nunes 

10 Francisco Providência 

11 Ana Salazar  

12 Toni Grilo  

13 Bernardo Marques  

 

 

 
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Sábado, 19 de Março de 2016

dicionário pessoal: lucidez

 

 

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lucidez
lu.ci.dez
nome feminino
(de lúcido + suf. –ez)

 

 

A lucidez é a capacidade de ver através dos objectos opacos. É diferente da vidência, que é a capacidade de ignorar esses objectos. Já a cegueira torna os objectos, todos os objectos, igualmente opacos e irremediavelmente presentes. Aquilo a que chamamos idiotia é, pelo contrário, um estado de opacidade face aos objectos.

 

 

imagem: aqui

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Sábado, 27 de Fevereiro de 2016

dicionário pessoal: empáfia

 

 

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empáfia

em.pá.fi.a

nome feminino
(de origem incerta)


O mesmo que embófia. Arrogância que se produz na garganta e enche a boca por completo. Não altivez, talvez apenas alta voz. Atitude caracterizada por palavreado enfático e oco; prosápia. Atitude contígua à pesporrência, que é a empáfia em acto. Petulância. Presunção. Bazófia. Pode ser observada facilmente nas pessoas que, por uma razão ou por outra, têm uma alta consideração por si próprias ou se acham importantes. A empáfia alimenta-se da adulação, ainda que esta se manifeste apenas por conveniência de serviço, e, talvez por isso, se traduza num atrevimento sem limites nem pudor (ver pudor).

 

 

 

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Sábado, 20 de Fevereiro de 2016

dicionário pessoal: alarve

 

 

 

 

 

 

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alarve
a.lar.ve
1. Nome (2 géneros)
2. adjectivo (2 géneros)

(do árabe al-árab, «os árabes»)

 

 

 

O alarve pode ser um rústico, mas é pela grosseria, pela bruteza, pelo excesso que se torna alarve. Tais atributos não são, porém, exclusivo do rústico, nem o rústico é necessariamente alarve. Pode ter-se comido alarvemente e ser-se um tipo decente. O que é diferente de comer como um alarve. O alarve gosta de pavonear o excesso, e esse é um registo particularmente alarve. A ignorância ostensiva é alarve. A importância empinada é alarve. O alarve tem a mania. Frequentemente tem a mania das grandezas. Há mais alarves entre os homens, embora a alarvidade se possa manifestar independentemente do género. O alarve é um campeão do sexo explícito no discurso e de contar cruamente anedotas picantes, mas é, ao mesmo tempo, um mestre do eufemismo e da alusão: diz coisas como «fogo», «fónix» e «tintins». O olhar constitui uma manifestação particularmente rica do alarve. Há ideias alarves. Chama-se alarvejar à acção dos alarves, que é também o termo onomatopaico que se lhes aplica. O alarve gosta de cooptar os outros para a sua própria alarvidade. O alarve gosta de mandar, razão pela qual há muitos alarves na política e no poder. O alarve gosta de fazer voz grossa, mesmo que isso por vezes não passe de um acto falhado. O alarve pretensioso gosta de usar as pessoas: no bolso ou na lapela.

 

 

 

 

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Sábado, 13 de Fevereiro de 2016

dicionário pessoal: inovação

 

 

Diamond I.jpg

 

 

 

 

inovação
i.no.va.ção

nome feminino
(do latim innovatio, -onis)


Divindade do panteão do Progresso, cujo culto foi declarado oficial e obrigatório. A Inovação é uma deusa poderosa, servida por uma multidão de sacerdotes e serventuários fanatizados, prontos a denunciar os não-crentes e mesmo os cépticos. Adeptos do Novo, crêem numa forma de vida superior, a que chamam Futuro. Por essa razão, dominam sectores estratégicos, como o do ensino, que policiam milimetricamente. O culto da Inovação foi inicialmente praticado pelos sectários da Técnica e da Tecnologia, que aí obtiveram triunfos avassaladores no aperfeiçoamento de máquinas e processos. Mais tarde, com a apropriação ideológica de que foi objecto, a Inovação foi imposta a toda a sociedade, a maior parte das vezes em formas muito degradadas de culto, como, por exemplo, as formas burocráticas, muitas vezes vazias ou apenas formais. Os ímpios e todos os que não conseguem alcançar nenhuma das duas categorias fundamentais — de «inovador» e «verdadeiramente inovador» —, são ignorados, censurados, condenados, banidos ou até eliminados como obscurantistas e inimigos da sociedade.

 

 

 

 

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