Quinta-feira, 13 de Junho de 2019

Santo António de Lisboa

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Tronos 19

Livraria Sá da Costa, Montra da Rua Serpa Pinto, Lisboa

Esta iniciativa integra-se na exposição de rua “Tronos de Santo António´19”, organizada pela EGEAC, com o objectivo de estimular a participação de todos no espaço público da cidade de Lisboa durante o mês das festas da cidade.

 

 

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Quarta-feira, 10 de Abril de 2019

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

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Zé Povinho e Maria Paciência

 

 

 

José Cutileiro

 

 

Descoberta de Portugal

 

 

Do Presidente da República ao mais modesto estagiário da imprensa, bem como os  animadores de Facebook & Co, toda a gente parece agora ter descoberto que Portugal é como é – e espantar-se, indignada, como se nunca cá tivesse vivido.

 

País de brandos costumes, as pessoas estão a fixar-se mais na brandura do que nos costumes. O facto do Dr. Álvaro Cunhal se ter doutorado em direito quando estava preso, indo dormir à cadeia a seguir a cada dia de provas, lembra-nos que o regime do Dr. Salazar não era como os regimes de Estaline ou Ceausescu, mas não deve fazer-nos esquecer que era, em todo o caso, uma ditadura a qual – mesmo sem contar as atrocidades cometidas em África – estava bem longe de uma democracia parlamentar. Poderia dizer-se de Salazar o que o Papa Urbano VIII disse de Richelieu quando soube da morte dele: «Se há Deus, o Cardeal vai ter muitas contas a prestar. Se não há Deus, levou uma vida bonita.» Moderação deve ser a nossa característica mais vezes evocada e estimada, por portugueses e estrangeiros. Amiga brasileira que enviuvou de português mas continuou a viver aqui, um dia explicou essa decisão assim: «No Brasil, se eu for jantar com um homem tenho de dormir com ele e em Portugal não».

 

Esta moderação ajuda, por exemplo, a que não haja vendetas, mas não anula que cada um deva lealdade suprema à sua família concreta (pai, mãe, filho, filha, irmão, irmã, avós, netos, primos, primas), com o centro em si próprio, e não a um conceito abstrato de estado ou de cidadania. A moral universalista (protestante?) do noroeste da Europa, que me manda ter para com um estranho (ou até para com o meu pior inimigo) obrigações que tenha para com os meus irmão, pai ou filho, soa entre nós como um disparate, quase como um pecado. É uma das razões pelas quais o capitalismo nunca funcionou bem aqui, carregado com lealdades a parentes (e amigos) que tecem teia de obrigações particulares, contrariando a lógica do negócio. Essa carga é também de favores prestados e recebidos. O estatuto de um homem – ou de uma mulher – mede-se muito por ela. Quando, em 1934, o Pai fez exame de obstetrícia, a primeira coisa que o catedrático Professor Moreira, por alcunha «o Moreirinha», lhe perguntou foi :  «O Senhor não tem vergonha de vir fazer exame sem uma recomendaçãozinha ?» As recomendações, as ‘cunhas’, faziam parte do seu capital: quanto mais pedidos satisfizesse, mais favores lhe ficassem a dever,  mais o seu crédito crescia. Aluno que não trouxesse recomendação era hora perdida.

 

A modernidade avança porém e algumas obrigações do capitalismo e da democracia vão a contra-pêlo da tradição. Um homem (ou mulher) honrado tem escolhas dolorosas a fazer, entre regras de convivência que se desvanecem e ditames da busca de eficácia estabelecidos por algoritmos que poucos entendem.

 

Entre compadres cuja ajuda falha e computadores que não dominam bem, portuguesas e portugueses sofrem – e cogitam, à portuguesa, que não há de ser nada.

  

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Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018

O Bloco-Notas de José Cutileiro

Zé Povinho

"Zé Povinho" de Rafael Bordalo Pinheiro

 

 

José Cutileiro

 

 

Portugal, 10ª democracia do mundo

 

  

Vinda de iniciativa séria e respeitada, a notícia enriquece pela variedade a lista habitual de triunfos pátrios. Não tenho nada contra o futebol ou qualquer outro desporto/espectáculo de sucesso (há muitos anos Bernard Shaw escreveu que a maioria dos seus compatriotas – ingleses - estaria de acordo em considerar que o Arcebispo de Cantuária tinha mais valor do que um campeão do mundo de boxe; a dificuldade estava na quantificação: quantos campeões de boxe valia um arcebispo? Ou, adaptando ao Portugal de hoje, quantos pontas-direitas vale um cardeal? O problema é que quem decide nestas coisas – já decidia no tempo de Shaw mas sem tanta desenvoltura - é o mercado e nele as contas são ao contrário: quantos cardeais seriam precisos para pagar um ponta direita? Aí é que está o busílis e está também a razão pela qual os Estados Unidos da América – com uma única hierarquia, a do dinheiro - não poderão nunca ser modelo do mundo por muito que se goste de Coca-Cola, de Ella Fitzgerald ou de Frank Lloyd Wright, entende amigo sagaz que viveu lá muito mais tempo do que eu).

 

Felizmente a questão não se põe quanto à distinção de ser classificado a 10ª democracia do mundo porque esta abrange todos nós, incluindo a leitora e incluindo-me a mim (Porquê Mário? Porquê Cesariny? Porquê, ó meu Deus, de Vasconcelos?– vem-me à cabeça nesta altura). O que a distinção traz, isso sim, é a obrigação de melhorarmos ainda mais. Por muito que continue a pesar a alguns dos nossos pedagogos, a concorrência não é pecado e faz bem a quem se mete nela. Sendo mais importante de tudo a level playing field, isto é, para ricos e pobres, altos e baixos, espertos e burros, as mesmas condições à partida, sem cunhas (Portugal); Old boys net (Grã Bretanha); Guanxi (China).Há excepções de resistência: lembro-me, era eu miúdo, em concurso de carreira hospitalar, o Zana Mello e Castro retirar candidatura quando a PIDE impediu colega esquerdista de concorrer. Já não há PIDE, continua a haver gente honrada mas excepções à prática má continuam a ser poucas.

 

E deveriam passar a ser muitas porque, escreve-me leitora, a corrupção é um dos piores males do mundo: “Primeiro pelo mal directo que causa, ao fomentar os outros males todos, segundo porque é praticamente impossível de eliminar em tempo útil, terceiro porque desencoraja e tira a esperança às pessoas de que seja possível fazer as coisas de outra maneira sem ter de se arrancar o sistema pela raiz.

 

‘Eles (políticos, governantes) são todos iguais’ deve ser um dos poucos sentimentos verdadeiramente comuns a toda a humanidade”.

 

Tarefa hercúlea? Talvez mas rombos nos privilégios de ricos e afins perante o poder político, impensáveis há 10 anos, ajudaram a chegar ao 10º lugar; a renomeação de Joana Marques Vidal talvez ajude a guindar-nos ao 9º - brinca brincando, felizmente bem longe da definição de República atribuída ao monárquico Voltaire: “Le malheur de chacun pour le bonheur du tout”.    

 

    

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Sábado, 23 de Dezembro de 2017

Bom Natal

 

 

Presépio Marva 2

 

Cartão de Boas Festas (1965)

desenhado por Vasco Luís Futscher Pereira (1922-1984) e vendido nas Papelarias Progresso e da Moda.

 

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Quarta-feira, 22 de Novembro de 2017

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

tambor barcelos

 

 

 

José Cutileiro

 

 

 

Já mesmo na mó de baixo? Ou só a querer chegar lá?

 

 

 

“Isto está preto. E não chove.” Assim amiga muito querida se associou à minha indignação pela incúria com que Presidente, governo, parlamento, jornais, televisões, telefonias, Facebook & quejandos, parecem nem dar pelo estado das nossas defesa e segurança. Incúria antiga, que seria injusto atribuir à “geringonça” ou até, indo mais atrás, à Democracia que vigora desde 1976, ou ao Estado Novo chegado em 1926 ou à Primeira República instalada em1910. Ou sequer à Monarquia Liberal.

 

Algures na história da Europa, entre um Pacheco fortíssimo e os temidos Almeidas por quem sempre o Tejo chora, Albuquerque terríbil, Castro forte e outros em quem poder não teve a morte, e a fuga de D. João VI e da corte para o Brasil, deixando os marechais do corso a tomar conta da gente e a roubar-nos património, aquela mayonnaise firme de vontade, de coragem e de lucidez que nos fizera passar ainda além da Taprobana, talhou dentro das nossa almas e nunca mais fomos os mesmos. Tal mayonnaise talhada - caruncho, osteoporose, reumatismo - foi-nos esfarelando por dentro. A pouco e pouco, fomos perdendo o hábito de ganhar e fomos ganhando o hábito de perder. Em tudo, de todas as maneiras, de forma explícita ou implícita, de entrada talvez com algum incómodo, depois quase já sem nos apoquentarmos com isso e, por fim, como se tal pertencesse à ordem natural e inquestionável das coisas.

 

Quando eu era pequeno ouvia-se cantiga muito espalhada que não sei quando, nem onde, nem por quem fora composta, presumo que já no século XX mas talvez antes e talvez também, na direcção oposta, tendo deitado até ao tempo da leitora que porventura se lembrará dela. Começava assim:

 

Lá em cima está o tiro-liro-liro,                                                                                              

Cá em baixo está o tiro-liro-ló.

 

Anos a fio, de vez em quando a ouvi, de vez em quando a cantarolei, sem nada achar de esquisito. Até que um dia me ocorreu, de repente, como uma revelação, que não poderia ter sido cantada por um inglês ou por um chinês, ou por alguém que, viesse donde viesse, tivesse gosto e orgulho em ser de lá. Quem quer que fosse senhor do seu nariz, que fosse de um só parecer, um só rosto, uma só fé, de antes quebrar que torcer, cantaria outra cantiga que pareceria quase igual à primeira mas seria, na realidade, o oposto dela:

 

Cá em cima está o tiro-liro-liro,                                                                                              

Lá em baixo está o tiro-liro-ló.

 

Porque não lhe passaria pela cabeça dizer o contrário. Porque não traria consigo a visão do saguão e o instinto da porta de serviço que parecem terem passado a ser apanágio de nós todos.

 

Assim vamos vivendo do lado de cá do Atlântico, longe da inteligência artificial dos engenhocas de Silicone Valley, onde robots vão mandar na gente, e da estupidez natural da cintura bíblica do Alabama, onde o Mundo começa circa 5.500 a.C.

 

 

 

 

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Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2017

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

 

diabo-misterio1

 

José Cutileiro

 

 

Dores de cotovelo

 

 

Quando eu era novo, dor de cotovelo queria dizer dor de corno mas de maneira bem-educada. Se noivo ou namorado (ou noiva ou namorada) de repente suspeitava ou confirmava suspeita de traição da bem-amada (ou do bem-amado) o incómodo moral e físico que tal provocava: um sei bem quê que nasce sei bem onde, vem sei bem como e doe sei bem porquê (viro do avesso farrapo de Camões, em vez de procurar palavras minhas, porque o tempo não está para extravagâncias e, se não pouparmos em tudo, os guardas alemães e holandeses, gabarolas do superavit, que há meia dúzia de anos nos obrigam a fingirmos que somos como eles mais ainda se darão ao gosto de nos atormentar. Há quase um século e quase ao fundo do Hemisfério Sul, apanhado em apuros quejandos, o chileno Pablo Neruda escreveu “De outro, será de otro, como antes de mis besos/ Su voz, su cuerpo claro, sus ojos infinitos.” Pablito, chamavam lhe as criadas de casa dos pais, não estava obrigado por critérios de Maastricht e, antes de se meter a compor Odes compridas e apatetadas ao camarada Estaline, tinha talento a rodos. “Ya no la quiero es cierto pero talvez la quiero/Es tan corto el amor y es tan largo el olvido.”

 

Dores de cotovelo. Não sei se o termo ainda se usa no português falado pela gente nova: não vivo cá e o meu neto é holandês. Sem ser por mal, dou por mim agora a passar mais tempo com gente velha e aí descobri rudimentos de nova forma de correcção política. Parece que, para velhas e velhos se sentirem ainda integrados, se lhes deva falar – e falar deles – como se faz com as crianças, mas adaptando. “Ai, está a mirrar tão bem! Um dia destes está mais baixo que a avó.” “Então já lhe caíram mais dentinhos?” “Desde o Natal anda a esquecer-se de quase dez palavras por dia”, etc.  Adiante – se é esta a palavra indicada – e voltemos ao cotovelo.

 

Alentejano arguto, há muito amigo do coração – e, ao contrário de tantos conterrâneos seus, despachado, viajado e poliglota – embrenhado agora em vida de Cristo bem narrada por erudito sábio, encontra paralelos entre a Jerusalém que os romanos acabariam por arrasar e onde Jesus foi executado (para aclamação dos seus compatriotas que preferiram salvar Barrabás a salvá-lo a ele) e os sobressaltos violentas do nosso tempo, a chocarem fascismos. (Cesário Verde percebera: “A dor humana busca amplos horizontes/E tem maré de fel como um sinistro mar”). Segundo o meu amigo, e eu estou de acordo com ele, quando nós eramos novos – eu sou mais velho uma década e picos mas nessa altura a diferença parecia muito mais pequena do que parece agora: daí a dez anos o mais novo seria como o mais velho. A vida abria-se diante nós, estrada direita até onde a vista alcançasse. Agora, daqui a dez anos o mais novo será como nada que se já conheça hoje. Fecha-se diante de nós um cotovelo que, até lá chegarmos, não percebemos para onde se irá abrir.

 

Uma broncalina do camandro, diria o meu chorado António Garcia. Ou então: uma Bernardette do caboz.  

 

 

 

 

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Segunda-feira, 29 de Agosto de 2016

Designers Portugueses

 

Designers Portugueses.jpg

 

na loja do Público aqui 

 

 

Mais uma óptima colecção a preço acessível sobre a história do design em Portugal. A descobrir.

 

Colecção Designers Portugueses, constituída por 13 volumes, coordenada por José Bártolo, retrata a vida e obra de 13 grandes designers. 


COLECÇÃO DESIGNERS PORTUGUESES

Coordenação de José Bártolo

© 2016 Cardume Editores e Autores

 

 

1 João Machado  

2 Daciano da Costa

3 Sebastião Rodrigues  

4 João Abel Manta 

5 José Brandão  

6 Pedro Silva Dias 

7 Jorge Silva  

8 José Albergaria  

9 João Nunes 

10 Francisco Providência 

11 Ana Salazar  

12 Toni Grilo  

13 Bernardo Marques  

 

 

 
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Sábado, 5 de Março de 2016

dicionário pessoal: tolerância

 

 

T letter embroidered.jpg

 

 

tolerância
to.le.rân.ci.a

nome feminino

(do latim tolerantia)


A tolerância é uma atitude benévola e benigna, por vezes um tanto paternalista, que se manifesta tanto no plano individual como no plano social. No tempo da outra senhora era permitida e praticada em casas próprias para o efeito. Hoje requer-se que faça figura de valor universal. Seja como for, a tolerância confina e é limitada pelo território do intolerável. A tolerância que confina com mais tolerância torna-se uma tolerância sem limites, isto é, de onde o intolerável está ausente, e onde, portanto, tudo é aceitação, condescendência, complacência: essa tolerância corresponde a um estado gelatinoso e repugnante. E intolerável.

 

 

 

 

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Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2016

Arquivo dos Diários

 

 

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Recolher, preservar e divulgar as memórias de gente comum, reconhecendo que esses testemunhos de vida contribuem para o conhecimento da história e da identidade nacionais, é a missão do Arquivo dos Diários, associação cultural criada há dois anos, que lançou o concurso “Conta-nos e Conta Connosco”, destinado a enriquecer o seu acervo.

 

Agora que dispõe de uma equipa e de um espaço na Biblioteca de São Lázaro, graças a uma parceria com a Junta de Freguesia de Arroios, a associação está em condições de começar a reunir cartas e diários através dos quais os portugueses poderão contar a sua história. Diários, cartas, fotografias e filmes caseiros ou simples evocações feitas pelas pessoas são uma parte importante na construção da memória de cada um. Mas esses documentos servem também para ajudar a construir a narrativa de uma comunidade. A ideia é catalogar por temas tudo o que for recebido e, no futuro, disponibilizar o acervo num meio digital. 

 

Existem já em vários países europeus arquivos dedicados a recolher a memória popular, designadamente o Archivio Diarístico Nazionale, em Itália, que serviu de referência a Clara Barbacini e Roberto Falanga, fundadores deste projecto.

 

 

 

 

 

ALMANAQUE_arquivo_diarios_05.png

© Soraia Martins 

 

 

 

O principal obstáculo, admitem, é chegar às pessoas e mostrar-lhes que as suas memórias e objectos pessoais podem ajudar a desenvolver outros projectos interessantes, do cinema ao teatro, da ficção à investigação, ou simplesmente servir para consulta de quem tem curiosidade por histórias de outros tempos.

 

“Espero que os portugueses desmintam o pudor como traço da sua cultura”, diz Roberto. “Sei que vai ser complicado, mas desafiante. E acho que só o facto de alguém se questionar se deve ou não entregar [os diários e cartas da sua família] já é bom. Estimula o pensamento. Nesse tempo de reflexão o tema esteve ali, a ser considerado.”

 

Também sabem que poderá haver resistências à entrega de materiais e à publicação. “Sabemos que estamos a tocar assuntos muito delicados”, asseguram. Recordam o caso de uma mulher, vítima de violência doméstica, que ganhou em Itália um concurso semelhante ao agora lançado em Portugal e só anos mais tarde recebeu o prémio, depois de o marido morrer. Há também questões legais que podem colocar-se, por exemplo, no caso de pessoas que encontram ou compram materiais que não se importam de doar mas que dizem respeito a terceiros.

 

Tal como em Itália, está prevista a publicação anual de pelo menos um diário: quem entrega os seus materiais pode escolher participar num concurso aberto até 1 de Março próximo. Depois, um painel de dois júris – um popular e um técnico – escolherá um vencedor. Será publicado pela Penguin – Companhia das Letras.

 

As entregas podem ser feitas na Biblioteca de São Lázaro todos os sábados das 11h às 13h ou enviadas por correio e a associação tem um site com toda a informação em www.arquivodosdiarios.pt. Tem também uma página de Facebook aqui.

 

Arquivo dos Diários

Biblioteca de São Lázaro

Rua do Saco, 1  Lisboa 1169-107 (Freguesia de Arroios)  

 

 

Agradecimentos:

 

artigo de Vanessa Rato no jornal Público, artigo de Samuel Alemão em “O Corvo” e textos reunidos no site Arquivo dos Diários.

 

Fotos gentilmente cedidas por Arquivo dos Diários e Soraia Martins

 

 

 

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Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2016

romanceiro.pt

 

 

Os textos do Romanceiro português e respectivos registos sonoros, quando conservados, vão passar a estar disponíveis online e em acesso livre na plataforma Romanceiro.pt. A preservação deste património, através da digitalização, era urgente, já que a sua manutenção nos formatos em que se encontrava (cassetes áudio e fotocópias em papel) constituía uma séria ameaça à sua preservação. 

 

A plataforma digital será apresentada amanhã, pelas 16h, na Fundação Manuel Viegas Guerreiro (Loulé), pelo coordenador do projecto, o investigador Pedro Ferré.

 

O objetivo é tornar acessível ao grande público um arquivo sem par no contexto ibérico, que alberga já perto de 14000 imagens de documentos de grande relevo no âmbito da literatura patrimonial portuguesa, nomeadamente do Romanceiro de tradição oral, e cuja expansão está prevista.

 

Nos últimos anos, os investigadores do CIAC  Pere Ferré, Mirian Tavares e Sandra Boto trabalharam o acervo da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, que compreende 660 horas de gravação em 609 cassetes áudio ali depositadas, e onde estão guardadas 3632 versões inéditas de romances e acolhe 10096 versões de romances publicadas entre 1828 e 2010. A plataforma Romanceiro.pt é o resultado do projeto “O Arquivo do Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna (1828-2010): sua preservação e difusão”, uma parceria entre a Fundação Manuel Viegas Guerreiro (Loulé) e o CIAC – Centro de Investigação em Artes e Comunicação/FCT (Universidade do Algarve / Escola Superior de Teatro e Cinema) com o mecenato da Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do Concurso de Recuperação, Tratamento e Organização de Acervos Documentais (2013).

 

 

 

 

Romanceiro.jpg

 

 

 

 

O Romanceiro é um género poético tradicional que circula desde os finais da Idade Média na memória dos povos de expressão portuguesa, galega, castelhana e catalã, difundindo-se desde então oralmente de geração em geração. Trata-se, portanto, de um património imaterial de uma vitalidade excepcional e de uma riqueza ímpar que importa preservar, numa altura em que a disseminação das novas tecnologias e dos media parece ter aniquilado talvez definitivamente a sua vitalidade e função no seio das comunidades rurais em que ainda permaneciam até há pouco tempo.

 

Remonta a 1421 o primeiro documento conhecido onde se fixa uma versão de um romance, o "Gentil dona, gentil dona", pela mão do estudante maiorquino Jaume de Olesa. Foi, contudo, o Romantismo que encetou o interesse sistemático por este género poético. Desde 1824, foram coligidas milhares e milhares de versões de romances em Portugal, em Espanha e nos países da diáspora portuguesa e espanhola, sem falar na memória romancística que os judeus expulsos da Península Ibérica nos finais do século XV transportaram com eles pelo mundo e que ainda hoje é preservada.

 

Poderíamos, para o caso específico português, referir-nos ao contributo das recolhas e publicações de versões de romances realizadas a cargo de nomes como Almeida Garrett, Teófilo Braga, Leite de Vasconcellos, Consiglieri Pedroso, Alves Redol, Michel Giacometti, Maria Aliete Galhoz, Manuel Viegas Guerreiro, entre tantos outros. Este arquivo alimenta-se, justamente, dos trabalhos de recolha e publicação do romanceiro tradicional português que estes e muitos outros interessados na literatura de tradição oral levaram e continuam a levar a cabo no presente.

 

 

 

Leia mais aqui e aqui

Entrevista com os investigadores aqui

No facebook aqui  

 

 

 

 

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