Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2017

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

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José Cutileiro

 

Um caso clínico

 

 

 

 

A seguir à vitória de Trump as bolsas subiram, o FMI disse que com ele a economia cresceria mais, as associações industriais, sobretudo as PME dentro destas, rejubilaram, comentadores de direita acharam menos pecados em Trump do que nos esquerdistas que o atacam agora por toda a parte. Com efeito, os excessos do pato-bravo bilionário de Brooklyn convidam a escrutínio igualmente exigente do folclore oposto, bem à vista na Europa nas primárias socialista de França para escolher candidato à presidência da República: o vencedor da primeira volta – e deverá vencer a segunda – ganhou popularidade que lhe deu o triunfo por propor que cada francês/a passasse a ter à nascença subsídio para a vida (em 2012, o que provavelmente fez Hollande ganhar a Sarkozy foi anunciar, a meio da campanha, 75% de imposto a rendimentos anuais superiores a 1 milhão de Euros). Os franceses – os europeus ocidentais em geral – habituaram-se a viver com room service incluído mas continuam a achar que não deveria haver gente muito mais rica do que eles.

 

Nos Estados Unidos, o Partido Democrático, cuja incompetência contribuiu tanto ou mais para a eleição do grande narcisista do que inépcia do Partido Republicano – são as elites, gargarejam quase engasgados de contentamento os populistas – entrou em movimentação frenética, uma espécie de Tea Party liberal (dizem eles lá; aqui nós diríamos esquerdista) para encontrar rumo e tento antes de 2020 e não apanharem 8 anos do pato-bravo. Vai ser animado e é impossível prever se Trump será presidente de um mandato – Carter, Bush pai – ou de dois mandatos – Reagan, Clinton, Bush filho, Obama. E aí não há politólogo que nos valha mas talvez um alienista, como chamavam dantes aos psiquiatras.

 

Porque a questão da presidência de Donald J. Trump não é do foro político. A sua tomada de medidas prometidas na campanha logo nos primeiros dias de mandato, feita embora com espalhafato próprio, está na tradição (por exemplo, democratas facilitam o aborto; republicanos dificultam o aborto), podem ser mais ou menos sensatas (por exemplo. acabar com “Obama care” antes de instalado sistema equivalente irá lesar milhões de pessoas que, na maioria, votou Trump), podem levantar objecções fundadas e criar problemas futuros (por exemplo, sair de acordo comercial com países do Pacífico) mas política com alternância no poder foi, é e será sempre assim.

 

O que é novo, a não ser em monarquias hereditárias, é pôr no topo do poder do Estado alguém egocêntrico, infantil, incapaz de reflexão prolongada, patologicamente susceptível e aí baralhando pessoa e cargo, vaidoso, vingativo (segundo biógrafos seus, nas insónias não medita: pensa em dinheiro, sexo, comida ou vinganças que estejam por cumprir). Somos todos Narcisos (as águas do lago não sabiam se ele era belo ou não porque só tinham olhado para si próprias nos seus olhos) mas ser tanto e em tão alto lugar, cola ao mundo aviso igual aos de estações elétricas: Perigo de Morte.   

publicado por VF às 09:00
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