Quarta-feira, 2 de Novembro de 2016

O Bloco-Notas de José Cutileiro

 

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 Hillary Clinton

 

 

 

 

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A 7 dias de Broncalina do camandro?

 

 

 

Ou de Bernardette do caboz? Ou uma ou outra, tanto faz. Na segunda terça-feira de Novembro, próximo dia 8, os americanos dos Estados Unidos vão às urnas decidir o seu destino político – e o nosso. Toda a política é política local, disse famosamente Tip O’Neill, antigo presidente da Câmara dos Representantes em Washington, de origem tão irlandesa que em quase cinco décadas de serviço em altas instâncias do Partido Democrata nunca pôs os pés na Embaixada Britânica, porque os ingleses tinham sido os opressores coloniais, os responsáveis pelas terríveis fomes dos séculos XVIII e XIX no seu país, o Diabo na terra, e Tip não queria ser visto pelos outros irlando-americanos a comer o seu pão e a beber o seu vinho, tu cá tu lá com eles. Manteve essa ficção até ao fim, embora se desse com os ingleses como Deus com os anjos e os ajudasse quando tal fosse preciso.

 

Mas, para voltar ao aforismo de Tip, os grandes países têm vantagens sobre os pequenos (é certo que, neste ano da Graça de 2016, a pequena Valónia que nem chega a ser um país atrasou de vários dias a assinatura de acordo comercial muito importante entre a União Europeia e o Canadá e, como nos nossos dias o comércio externo é a única coisa pela qual a Europa ainda tem peso no mundo e se pode dar a algum respeito, houve gente que se assustou mas tudo foi depressa ao sítio assim que a questão de política interna belga que fizera a Valónia portar-se mal foi apaziguada – se eu fosse embaixador no activo acrescentaria nesta altura, entre parêntesis, ver meu 153). E há uma prática bizarra nalgumas organizações internacionais – parar o relógio da sala a poucos minutos da hora para a qual se programara o fim de uma reunião e só o deixar trabalhar outra vez quando se tiver chegado ao acordo pretendido, passadas horas, dias ou mesmo meses, podendo-se então olhar para o relógio e pretender que se acabou no dia e hora devidos. Começou isto quando Don Mintoff, zaragateiro marxista e populista, era primeiro ministro de Malta e inventava maneiras de tornar o seu país importante pela incomodidade que causasse aos outros. Por fim, para lidar com ele, teve de se inventar o conceito de “Consenso Menos Um”.

 

Entreténs de ricos para acudir a males menores. O que poderá estar à nossa espera na madrugada da próxima quarta-feira será um tsunami geopolítico de dimensões inéditas desde 1945, maior – para nós – do que o fim da União Soviética. A política local dos Estados Unidos, os interesses dos seus brancos pobres e dos seus fundamentalistas evangélicos, apostados uns em proteccionismo que os fechasse num casulo imune à globalização e os outros em Supremo Tribunal que recriminalisasse o aborto, poderá ganhar. A Senhora fez o que pôde mas, confessa, falta-lhe o jeito do marido ou de Obama, muitos não gostam dela e não se pode excluir que perca a eleição. Se tal acontecesse a ordem internacional sofreria sobressalto de consequências imprevisíveis para a Europa.

 

 

publicado por VF às 11:00
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