inócuo
i.nó.cu.o
adjectivo
(do latim innocuus)
Inofensivo, que não faz mal (nem bem). A palavra atraiu a personagem do inesquecível conto A palavra mágica, de Vergílio Ferreira, «por aquele sabor redondo a moca grossa de ferros, cravada de puas». Que sabor poderá ter hoje para o cidadão comum que não saiba o seu significado? Que sabor poderá ter a mais comum das palavras para o cidadão? Eis em que deveria consistir o ensino da língua, agora que estamos ortograficamente equipados para sermos devidamente equiparados. A verdade é que nada é verdadeiramente inócuo nos tempos que correm: quase tudo tem, para alguns, consequências negativas, prejudiciais, nocivas; outras, mais raras, não fazendo mal, chegam mesmo a fazer bem. Parece haver quem use a palavra como sinónimo de vacuidade, de supérfluo (termo articulado habitualmente como supérfulo, o que tem o «mérito» de repor a alternância entre vogais e consoantes) ou de futilidade. Não significa tais coisas, mas compreende-se a relação com uma espécie de categoria «vazia». Porém, sempre salvaguardando o facto de essas tais coisas poderem não ser inócuas, nem ter consequências inócuas.