borra-botas
bor.ra-bo.tas
nome com dois géneros e 2 números
(de borrar + bota)
Mesmo que tenha um dia designado o engraxador desastrado ou incompetente, o termo terá acabado por se aplicar à generalidade dos lustradores de calçado. Porém, a expressão «borra-botas» passou, em momento que não se consegue descortinar, a designar o indivíduo insignificante, miserável, sem valor, sem categoria nem dinheiro. Um desgraçado. Terá esta acepção sido originada a partir da profissão de engraxador em geral ou especificamente do mau engraxador? Não sabemos. Sabemos que, na escala social, o engraxador integrou sempre um escalão muito baixo, para mais tratando-se de um trabalho sujo que se realiza curvado sobre pés do cliente. Mas a ideia de que se tivesse originado uma expressão pejorativa para designar um mau profissional não deixa de ser uma ideia curiosa. Embora também perigosa, pois seríamos obrigados a reconhecer que, em certos momentos, ou em certas áreas, se vive rodeado de borra-botas. Por outro lado, o desaparecimento dos engraxadores, outrora numerosos e indispensáveis, deu maior relevo aos graxistas, também designados manteigueiros, uma outra classe de indivíduos que partilha com os borra-botas a acepção moderna de desprezível.