Guilherme Pereira de Carvalho c. 1929
No banco de trás, em primeiro plano, a actriz Irene Isidro.
Esta fotografia figura na contracapa de Lisboa a 24 imagens, de Manuel Costa e Silva, um belíssimo álbum sobre Lisboa no cinema.
O dandy sentado ao volante é meu avô materno, Guilherme Pereira de Carvalho. Quando, há muitos anos, vi o filme Lisboa, crónica anedótica, de Leitão de Barros, admiti que o automóvel que circula numa das cenas fosse o do meu avô, que eu sabia ter sido amigo do realizador. Nos anos 20 do século passado não havia assim tantos automóveis em Lisboa. A fotografia deve ter sido tirada durante a rodagem do filme pois não é um fotograma da película.
No meu livro Retrovisor, um Álbum de Família incluirei apenas algumas das muitas fotografias que guardo deste meu avô, figura elegante da Lisboa do seu tempo. Sentado a seu lado está o motorista, que reconhecemos nesta outra fotografia, mais antiga que a primeira:
Margarida, Frederico e Stella com o motorista c.1925
Mais sobre o filme aqui e o realizador Leitão de Barros aqui e aqui
Mais sobre Manuel Costa e Silva aqui
Amarante, 1938
Se houver consciência de que, sob o grandioso aparelho dos disfarces cronológicos, em qualquer estilo, dentro de qualquer género, em qualquer situação, em qualquer ambiente e qualquer que seja o assunto, é o homem eterno que está em causa, muito bem: todo o engenho, todo o ardil e a audácia são permitidos ao poeta para quebrar o encantamento da solidão e comunicar com o próximo, lançando a ponte do palco à plateia.
De qualquer forma e sejam quais forem os instrumentos e o método, o teatro assinala-se por um desvendar o que naturalmente e humanamente se esconde. O progredir da acção é um desocultar incessante, a partir do momento em que o pano de boca, abrindo o espaço cénico, nos coloca em intimidade com os personagens.
Destas fotografias, pouco mais consegui saber do que a data e o local em foram tiradas. Na primeira vemos ao centro, de vestido escuro minha tia Stella Pereira de Carvalho. Na segunda, a minha mãe é a primeira a contar da esquerda.
As legendas são excertos da obra À Boca de Cena (edições & etc, 1999) do dramaturgo Fernando Amado, que viria a dirigir os meus pais na peça A Caixa de Pandora, estreada em 16 de Junho de 1946 no Teatro do Ginásio, em Lisboa.
Visite aqui o Centro de Estudos de Teatro