Quarta-feira, 18 de Março de 2009

Manuel Rodrigues

 

 

 


Manuel Rodrigues

1924-1965

 

 

 

 

O seu nome, que mencionei no post anterior, é um daqueles que nas buscas do "Google" quase não produz resultados, tal como o de Paulo Ferreira, autor do desenho que aqui publiquei no 'dia dos namorados'.

 

 

Vem Manuel Rodrigues a propósito de Maria Violante Vieira e da "Papelaria Progresso", mas também de uma crónica recente de Catarina Portas, que passo a citar:

 

 

O facto de o MAP [Museu de Arte Popular] ser um produto da "Política do Espírito" salazarista, um regime que muito doutrinou e fantasiou sobre a nacionalidade, é justamente, a meu ver, a melhor das provocações para querer descobrir mais sobre a relação de inspiração que, ao longo da história, alguns artistas mantiveram com o seu próprio país. Desde a busca do pittoresco que apaixonou a geração de Bordalo e Ramalho até aos nossos dias, essa inspiração continua visível e estimulante no trabalho de artistas como Joana Vasconcelos ou João Pedro Vale. E, neste caso, pode passar também muito adequadamente pelo explorar da obra de todo um conjunto de artistas que, nos anos 30 e 40 do séc. XX, por aí muito se passearam - falo de Sarah Afonso, Maria Keil, Almada Negreiros, Carlos Botelho, Bernardo Marques, Tom, Piló ou Paulo Ferreira.

 

 

 

Nos anos 60 em Portugal não se usava o termo “designer” mas é o termo que faz hoje sentido empregar para descrever a actividade múltipla de Manuel Rodrigues. Aqui fica um resumo da sua carreira, que elaborei com base em apontamentos de minha mãe (para um artigo de jornal?) guardados por ela juntamente com uns obituários e outras recordações dele como esta:

 

 

 

Tofa.jpg

 capa de um folheto publicitário

design de Manuel Rodrigues

 

 

 

 

 

 

Manuel Rodrigues iniciou a sua carreira no SNI (Secretariado Nacional de Informação), ainda antes de terminar o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio, trabalhando com Tomás de Melo (Tom) e Roberto de Araújo. Fez parte das equipas de artistas que criaram a “Exposição do Mundo Português”, em 1940, dirigidas por Bernardo Marques, Tom, Manuel Lapa, Roberto de Araújo e Cotinelli Telmo.

 

Em 1947 é lhe entregue por António Ferro a direcção artística das montras do SNI e a partir de 1951 distingue-se na direcção artística de exposições, como a exposição "Portugal de Hoje" realizada no Brasil em 1954, por motivo das comemorações do IV Centenário da Fundação da Cidade de S. Paulo. Concebe os 'stands' de Portugal em exposições internacionais no estrangeiro, nas quais é distinguido com diversos prémios.

 

A ele se fica a dever a decoração de ruas de Lisboa por ocasião das visitas de Isabel II de Inglaterra e do imperador da Etiópia, cujos pavilhões de recepção na Praça do Comércio foram por ele desenhados.

 

Manuel Rodrigues trabalhou ainda para o teatro, com cenários para o "Teatro do Povo", dirigido por Ribeirinho, e figurinos para o grupo de bailado "Verde Gaio". Desenhou modelos de moda masculina, em colaboração com o "International Fashion Council".

 

Em 1959  realiza com o Arquitecto Conceição Silva a “Exposição da Raínha D. Leonor” no Mosteiro da Madre de Deus, organizada pela Fundação Gulbenkian, e em 1961 ambos levam a cabo uma das primeiras verdadeiras experiências de design global em Portugal, para os “Cafés Tofa” (Torrefacção de Cafés de Portugal).

 

Cria em 1962 a agência “Estúdio MR”, realizando campanhas de publicidade da Tofa, Mobil, e produtos da Fábrica Simões e Compª (camisas TV, lingerie Caron). Desenha selos para os CTT.

 

O seu último trabalho, também em colaboração com Conceição Silva, é o da decoração do maciço de amarração da ponte sobre o Tejo, na Avenida da Índia, e das zonas verdes circundantes.

 

Morre em Setembro de 1965, aos 41 anos, vítima de um desastre de viação.

 

 

 

 

 

 

Veja também neste blog os posts:

 
 
 

 
 
publicado por VF às 11:54
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8 comentários:
De José Manuel Rodrigues a 21 de Abril de 2015
Olá Cristina, parece-me que apesar de colaborarem juntos e de trocarem ideias no processo creativo de vários projectos, creio que não existe um poster/projecto que não tenha sido assinado ou por um ou pelo outro, mas nunca pelos dois. Naquele tempo o mundo das artes gráficas era puro e excitante, mesmo com as influências do design europeu, nórdico, suíço, italiano, e até do folclore português, a criatividade em Portugal era original e havia uma preocupação individual de assinar todos os trabalhos feitos, para que houvesse um reconhecimento imediato quando publicados, como o foram na Graphis tanto o Sebastião como o Manuel.

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